Ex-diretor de comunicação de Cameron detido por escândalo de escutas
LONDRES, 8 Jul 2011 (AFP) -A prisão do ex-diretor de comunicação de David Cameron pelo escândalo das escutas telefônicas ilegais do News of the World aumentou a pressão sobre o primeiro-ministro britânico, que anunciou uma investigação para "chegar ao fundo" de um assunto que afeta a imprensa, a polícia e a política.
Andy Coulson, chefe de redação do tabloide dominical sensacionalista entre 2003 e 2007, foi detido por "suspeitas de conspirar para interceptar comunicações e acusações de corrupção" relativas a supostos pagamentos a policiais em troca de informação quando compareceu a uma delegacia de Londres, e foi solto com liberdade condicional nove horas depois.
"Há muitas coisas que eu gostaria de dizer, mas neste momento não posso, declarou aos jornalistas que aguardavam na porta da delegacia, onde deverá se apresentar novamente em um dia não informado do mês de outubro.
Abalado pelo escândalo, Coulson, de 43 anos, teve que pedir demissão em janeiro do cargo de diretor de comunicação de Cameron, que ocupou por mais de quatro anos, incluindo oito meses em Downing Street, após meses de pressões pelas crescentes revelações sobre os grampos efetuados quando era chefe de redação do semanário, que pertence ao magnata australiano Rupert Murdoch.
Em 2007 Coulson precisou renunciar ao cargo do News of the World após a condenação a penas de prisão de dois funcionários do periódico, o jornalista especializado em temas de realeza Clive Goodman e o detetive Glenn Mulcaire, após uma primeira investigação descobrir grampos nos telefones dos príncipes William e Harry, netos da rainha Elizabeth II.
Clive Goodman, de 53 anos, foi novamente preso na manhã desta sexta-feira por suspeitas de "corrupção" e ganhou liberdade condicional no fim da tarde, precisando comparecer na delegacia em outubro.
Neste período, a polícia revistou o gabinete de outro jornal sensacionalista, o Sunday Daily Star, que colabora.
"Saíram depois de aproximadamente duas horas com uma cópia de todas as atividades de Goodman nos computadores" para compará-las com os dados que têm de sua época no News of the World, afirmou o Sunday Daily Star em um comunicado, no qual se distancia do escândalo que causou a queda de seu rival.
A detenção de Coulson foi um novo golpe para o primeiro-ministro conservador, que já estava submetido a uma intensa pressão em torno de sua esperada decisão sobre a compra do canal de televisão por assinatura BSkyB por parte do conglomerado Murdoch, News Corp., certamente adiada.
Neste difícil contexto político, o primeiro-ministro anunciou uma investigação pública, presidida por um juiz, sobre as práticas "totalmente inaceitáveis" do News of the World, dois dias após indicar que ela não podia começar antes da conclusão da investigação policial.
"Não deixará pedra sobre pedra", prometeu em uma coletiva de imprensa convocada um dia após o anúncio do fechamento do News of the World.
O escândalo, que desde que começou, em 2006, afetava sobretudo políticos e famosos, agravou-se nos últimos dias, após a revelação de que familiares de vítimas de crimes, dos atentados de Londres ou inclusive de soldados mortos no Iraque ou no Afeganistão foram vítimas de escutas.
Mas a maior indignação foi provocada pela denúncia de que um detetive contratado pelo News of the World pode ter grampeado em 2002 o celular de uma adolescente desaparecida, que depois apareceu morta, e inclusive apagado algumas mensagens, levando os familiares e a polícia a acreditar que a jovem poderia estar viva.
Por isso, Cameron afirmou que haverá uma segunda investigação para examinar a ética e a cultura da imprensa, que deve iniciar seus trabalhos neste verão boreal para "aprender as lições para o futuro", disse Cameron.
"Este escândalo não é apenas sobre alguns jornalistas em um jornal. Não é nem sequer apenas sobre a imprensa. É também sobre a polícia. E sim, é também sobre como funciona a política e os políticos", disse.
"Todos eles decepcionaram" as pessoas, completou.
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