Machu Picchu atrai os olhares cem anos depois de seu descobrimento
machu picchu, Peru, 6 Jul 2011 (AFP) -Com rituais andinos, o Peru vai celebrar nesta quinta-feira os 100 anos de descobrimento da cidadela inca de Machu Picchu, sob o olhar vigilante da Unesco que, em junho, se absteve de incluí-la na lista de patrimônio ameaçado, embora tenha advertido sobre a necessidade de conservação do monumento.
Machu Picchu, um grande complexo arquitetônico de pedra, construído no século XV no alto de uma montanha na selva de Cuzco (sudeste do Peru), foi revelada ao mundo pelo americano Hiram Bingham, que chegou ao local no dia 24 de julho de 1911 à frente de uma expedição científica.
Cem anos depois, as celebrações terão seu dia central neste 7 de julho, em meio à explicação oficial de que, nessa data, completam-se quatro anos de que a cidadela foi considerada uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno pela fundação New7Wonders.
Um século depois de seu descobrimento, o lugar mítico enfrenta o desafio da preservação.
A Unesco, que em 1983 declarou Machu Picchu patrimônio da humanidade, informou durante a reunião do dia 23 de junho passado que o santuário inca será submetido a uma "vigilância reforçada", com ênfase, em particular, no "excesso de visitantes" e na "construção de uma rota próxima".
Nos últimos anos, o fluxo de turistas que visitam o local vem aumentando, o que, segundo a Unesco, pode pôr em risco a estabilidade da montanha em cujo cimo foi construída Machu Picchu.
Por esse motivo, depois de um incremento do número de visitantes, que chegou ao auge em 2008, com 858.000 turistas, por recomendação da Unesco a cifra permitida foi reduzida a um máximo de 1.800 turistas por dia, "o que somou 700.000 visitantes em 2010", disse à AFP o diretor do Parque Arqueológico de Machu Picchu, Fernando Astete.
Devido à restrição, nesta quinta-feira - dia central da celebração - só estão autorizadas a entrar na cidadela 790 pessoas.
A principal atividade está programada para a noite, quando Machu Picchu estiver totalmente iluminada, o que ocorrerá pela primeira vez em cem anos, em imagens que serão transmitidas a todo o mundo pela televisão.
Durante o percurso nesta quarta-feira pela cidadela, os turistas viram grupos de técnicos que estendiam cabos entre as edificações, montavam barracas, colocavam equipamentos de som e refletores a serem usados na celebração, comprovou um jornalista da AFP.
Machu Picchu (ou "Montanha Velha" na língua quíchua) está a 2.400 metros do nível do mar. A superfície edificada tem 530 metros de comprimento por 200 de largura, possuindo uma área de cultivos agrícolas e outra de habitações, com 172 edifícios no total, dentro de um santuário de 32.500 hectares.
Destino favorito de milhares de turistas que chegam de trem ou a pé, seguindo o chamado Caminho Inca, a cidadela, construída pelo imperador Pachacútec poucos anos antes da chegada dos espanhóis, é um dos últimos testemunhos do esplendor da civilização incaica.
Para o antropólogo americano Richard Burger, da Universidade de Yale, Machu Picchu era um centro de descanso para a nobreza inca mais que um lugar sagrado, em contraste com as opiniões sustentando que a cidadela era dedicada à adoração dos deuses ou um local para cultuar o inca Pachacútec.
Para o historiador e arqueólogo peruano Federico Kauffmann, Machu Picchu era "um santuário religioso onde os incas practicavam rituais às divindades que governavam os fenômenos climáticos que os afetavam enormemente".
O também arqueólogo Luis Guillermo Lumbreras, ex-diretor do Instituto Nacional de Cultura do Peru, assinala que a cidadela era "um grande mausoléu" do inca Pachacútec que aparentemente foi sepultado nesse lugar, junto a outros nobres: "Era um grande mosteiro onde eram cultuados".
"Machu Picchu equivale para o Peru o que as pirâmides são para o Egito", estimou Lumbreras.
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