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Imagens do fotógrafo Robert Capa ganham exposição no Encontro de Fotografia de Arles

Imagem do fotógrafo Robert Capa feita pela alemã Gerda Taro, exposta em uma mostra de Londres, em 2008 - EFE
Imagem do fotógrafo Robert Capa feita pela alemã Gerda Taro, exposta em uma mostra de Londres, em 2008 Imagem: EFE

06/07/2011 19h10

ARLES, França, 6 Jul 2011 (AFP) - Pela primeira vez em mais de 70 anos, a famosa valise mexicana do fotógrafo Robert Capa e seu testemunho comovente da guerra civil espanhola retornam à Europa por ocasião dos Encontros de Fotografia de Arles (sul).

A "valise", composta, na realidade, de três pequenas caixas, apresenta seus tesouros: 4.500 negativos sobre a tragédia espanhola, entre 1936 e 1939, realizados por Robert Capa, mas também por sua companheira Gerda Taro e por Chim (David Seymour).

Após ter desaparecido da França, em 1940, a misteriosa valise foi encontrada no México, no início dos anos 1990 e, depois, entregue, em 2007, ao International Center of Photography (ICP) de Nova York, responsável pela obra de Capa.

"Um milagre", declarou à AFP Cynthia Young, curadora do ICP e promotora da exposição "A valise mexicana" que será apresentada até 18 de setembro no Museu Departamental de Arles Antiga. Já mostrada em 2010 em Nova York, deve seguir, depois, para a Espanha.

"Procura-se uma valise. Na realidade, são caixas com um interior dividido em compartimentos para os rolos de negativos, com etiquetas no verso", destaca François Hébel, diretor dos Encontros de Arles. "É emocionante. Tem-se realmente a impressão de se ver um tesouro", disse ele.

Os milhares de negativos, entre eles alguns inéditos, permitem compreender melhor a forma de trabalhar dos três repórteres, fundadores da fotografia de guerra moderna.

Todos três judeus, todos os três exilados - o húngaro Robert Capa, o polonês Chim e a alemã Gerta Taro se conheceram em Paris, em 1933. Quando o general Franco desencadeou a guerra da Espanha, em 1936, esses jovens independentes foram em campo para informar a imprensa sobre a causa republicana.

Cada um com seu estilo. Robert Capa (1913-1954) esteve mais próximo da ação, com os combatentes. Os rolos de seus negativos permitem acompanhar todo o desenvolvimento da batalha.

Gerda Taro (1910-1937) se concentra nas linhas do front e fotografou com intensidade temas mórbidos. Cobrindo a batalha de Brunete em 1937, ela foi mortalmente ferida por um veículo blindado. Foi a primeira mulher fotógrafa a ser morta numa reportagem de guerra.

Chim (1911-1956) interessou-se pelos indivíduos fora do conflito: pescadores, camponeses, mas também personagens oficiais. Foi, junto com Robert Capa, um dos quatro fundadores da agência Magnum Photos em 1947.

As três caixas foram, sem dúvida, preparadas na primavera de 1939 por Capa, Chim e seu assistente Tchiki Weiss, que administraria um estúdio em Paris.

Antecipando a chegada do exército alemão em Paris, em 1940, Weiss, judeu também ele, colocou as caixas num saco de sua bicicleta, em direção a Bordeaux. Confiou os negativos a um sul-americano e, depois disso, foram perdidos.

No começo dos anos 1990, as caixas apareceram no México, nos objetos do general Francisco Aguilar, embaixador do México durante o regime colaboracionista de Vichy, que, sem dúvida, as levou ao deixar a França, em 1942.

A filha e herdeira do general confiou a um amigo cineasta, que fez pesquisas e compreendeu do que se tratava. Foi finalmente entregue ao ICP graças, principalmente, à mediação da irlandesa Trisha Ziff, que realizou um filme sobre o lado mexicano desta aventura. Foi projetado na terça-feira no teatro antigo de Arles.