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Peru se prepara para comemorar centenário da descoberta de Machu Picchu

01/07/2011 14h29

LIMA, 1 Jul 2011 (AFP) -Os peruanos se preparam para celebrar o centenário da descoberta da cidadela inca de Machu Picchu, a maior jóia turística do Peru e uma maravilha arqueológica cujos mistérios historiadores e arqueólogos ainda tentam desvendar.

Machu Picchu, grande complexo arquitetônico de pedra, construído entre os séculos XV e XVI no topo de uma montanha na selva de Cuzco (sudeste do Peru), foi revelada ao mundo pelo americano Hiram Bingham, que chegou ao local em 24 de julho de 1911, à frente de uma expedição científica.

Cem anos depois, as comemorações terão seu dia central em 7 de julho, sob a explicação oficial de que a cidadela foi considerada uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno pela fundação New7Wonders.

Antes, em 1983, a Unesco a tinha declarado Patrimônio Cultural da Humanidade.

A Unesco mantém uma vigilância permanente para preservar a integridade da montanha que sustenta a cidadela e recomenda um controle na entrada de visitantes, que é respeitado, a um máximo de 1.800 por dia.

"Só no ano passado visitaram o local 700.000 turistas", explicou à AFP Fernando Astete, diretor do santuário arqueológico.

Machu Picchu ("Montanha Velha" em quechua) fica a 2.400 metros acima do nível do mar. A superfície edificada, toda em pedra, tem 530 metros de comprimento por 200 de largura, com uma área de terraços agrícolas e outra de acomodações, com 172 edifícios no total, dentro de um santuário de 32.500 hectares.

Para chegar ali o acesso se faz por trem desde Cuzco, pois não há estradas. Também é possível chegar a pé pelo Caminho do Inca.

Um espetáculo de luzes e cores, danças andinas, concertos, desfiles alegóricos, rituais místicos e conferências sobre sua importância na história do Peru foram programadas ao longo da próxima semana, dentro de uma série de homenagens que incluem a representação da cidadela na nova nota de 10 sóis.

"Machu Picchu equivale, para o Peru, o que as pirâmides são para o Egito", afirmou o arqueólogo Luis Lumbreras, ex-diretor do Instituto Nacional de Cultura.

Segundo o estudioso, há evidências de que no santuário ecológico "havia instalações com ouro nas paredes que se perderam ao longo de dois ou três séculos; em Machu Picchu só restaram as paredes".

A fortaleza - onde viveram entre 300 e 1.000 pessoas - é origem de mitos e lendas e objeto de várias pesquisas de arqueólogos de todo o mundo, que tentam decifrar os segredos que suas edificações em pedra escondem.

Os especialistas não concordam em se era um local sagrado, uma fortaleza ou um local de recreação.

Mas sua fama mundial, nascida da divulgação feita sobre ela em 1913 pela revista National Geographic, que patrocinou a expedição de Bingham, também atraiu aventureiros em busca de tesouros que teriam escondido ali os monarcas incas, para continuar um saque que levava na época mais de 400 anos.

De fato, em três expedições Bingham levou 44.000 peças à universidade americana de Yale, que no primeiro semestre deste ano devolveu as primeiras 366 e terá que retornar o restante.

Bingham é reconhecido como o personagem que colocou Machu Picchu no mapa e a tornou conhecida internacionalmente.

Mas seu papel gerou, também, muitas críticas de estudiosos peruanos, que o acusaram de ter sido um saqueador que despojou o Peru de suas riquezas.

"Acho que há um elemento de verdade nisto, mas também há uma questão de contexto histórico que não deve se perder de vista", disse à AFP Richard Burger, arqueólogo de Yale.

"É preciso lembrar que Machu Picchu nessa época era um local quase desconhecido e ninguém apreciava seu valor. Agora, é um centro turístico e tem outro caráter", acrescentou.

Agora, o importante para a cidadela é a sua preservação. De fato, como mensagem sobre isto, para o dia central da celebração as autoridades determinaram que não poderão permanecer no local mais de 700 pessoas.