Pedro Almodóvar arranca aplausos em Cannes com 'A pele que habito'
CANNES, França, 19 Mai 2011 (AFP) -"A pele que habito", do diretor espanhol Pedro Almodóvar, um thriller que conta a terrível vingança de um cirurgião plástico que teve a filha violentada, arrancou aplausos nesta quinta-feira no Festival de Cannes, onde disputa a Palma de Ouro.
O cineasta de "Tudo sobre minha mãe" e "Volver" explora em seu décimo oitavo filme um novo gênero, que é uma mistura de suspense, terror, ficção científica e melodrama, para criar um filme que fala de vingança, e também de sobrevivência em condições extremas.
"Eu quis trabalhar à maneira de Fritz Lang e cheguei a pensar uma vez em filmar em mudo e em preto e branco. Mas, no fim, quis fazer meu filme do meu jeito, de um gênero um pouco indefinido", revelou Almodóvar.
O longa-metragem conta a história de um cirurgião plástico, o doutor Robert Ledgard, interpretado por Antonio Banderas, que realiza experiências para criar uma nova pele resistente a qualquer agressão.
Inspirado no romance "Mygale" (Tarântula), do escritor francês Thierry Jonquet, o filme mostra a maestria técnica e a visão estética deste diretor, sem atingir o nível de emoção de outros filmes dirigidos por Almodóvar.
"Li muito rápido, há uns dez anos, esse romance de Jonquet, e o que chamou a minha atenção foi a magnitude da vingança desse médico contra quem acredita que violentou sua filha", declarou.
Ledgard é uma espécie de "Frankestein, e também de Prometeu", o herói mítico grego que rouba a luz para dá-la aos homens, disse o cineasta em uma entrevista coletiva à imprensa ao lado dos atores do filme, entre eles Marisa Paredes e Elena Anaya.
"O personagem de Antonio está a ponto de criar vida, cria uma nova pele, que é o principal órgão" do homem, ressaltou Almodóvar, que aborda em seu longa a questão da genética e da bioética.
"Meu filme pode se parecer talvez com um filme de ficção científica, mas isso já é em parte realidade, com as experiências transgênicas e a decodificação do genoma humano", considerou. "Felizmente, em nossas sociedades trabalhos como esses são bem controlados pelas leis de bioética", afirmou.
Almodóvar, muito querido em Cannes, concorreu na seleção oficial do Festival con "Tudo sobre minha mãe" (1999), "Volver" (2006) e "Abraços partidos" (2009), mas nunca ganhou a Palma de Ouro.
O diretor espanhol é um dos vinte diretores selecionados para a mostra competitiva do 64º Festival de Cannes, que conta com 14 europeus, quatro asiáticos, um americano e um turco.
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