Nelson Pereira dos Santos destaca o espírito do "Cinema Novo" no Brasil
PARIS, 4 Mai 2011 (AFP) -O cineasta Nelson Pereira dos Santos, um dos fundadores do "Cinema Novo" brasileiro, declarou nesta quarta-feira em Paris que "o espírito desse movimento está ainda muito presente entre os cineastas brasileiros contemporâneos".
A declaração foi feita durante a cerimônia de abertura do 13º Festival de Cinema Brasileiro de Paris, onde Santos foi homenageado. A programção do evento se estenderá até 17 de maio.
"O cinema brasileiro atual é de uma riqueza enorme. De todas as regiões do país surgem filmes extraordinários. Tem todo tipo de roteiro, de maneiras de filmar", disse o diretor de "Rio 40 graus" e "Vidas Secas".
"Continuo trabalhando. Acabo de terminar um filme sobre Tom Jobim, que é pura música. Há informações visuais que dão idéia da cronologia, mas é música pura", disse. "Exploramos tudo o que é relativo a suas composições feitas para Orfeu Negro", completou o diretor de 83 anos.
Nelson Pereira dos Santos chegou pela primeira vez a Paris aos 21 anos, em 1949, para estudar cinema, mas o atraso do navio em que viajava o impediu de matricular-se no famoso Instituto de Altos Estudos Cinematográficos de Paris (IDHEC, na sigla em francês). "Fiquei três meses em Paris. Aprendi francês e vi muito cinema na cinemateca", disse.
O festival de cinema brasileiro de Paris, organizado pela Associação Jangada, renderá homenagem a ele, exibindo sete de seus clássicos: "Rio Zona Norte" (1957), "Azyllo Muito Louco" (1969), "Boca de Ouro" (1962), "Jubiabá" (1985), "Memórias do Cárcere" (1983) e "Como Era Gostoso o Meu Francês" (1971). Também será homenageado o escritor Jorge Amado, de quem se celebra o primeiro centenário de nascimento.
O fotógrafo Pedro David inaugurou, como parte do festival, uma exposição sobre o sertão chamada "Homem de Pedra". "Em associação com a União Latina, tivemos a honra de receber Nelson Pereira dos Santos e exibimos sete grandes clássicos seus", disse Kátia Adler, diretora do festival. "Sua obra acaba de ser restaurada e merece ser revista", completou.
Segundo Lisa Ginzburg, diretora de União Latina, "o olhar de Pereira dos Santos é capaz de ter a intuição profunda do cinema experimental, tomando como modelo o neorrealismo italiano e o cinema de Roberto Rossellini, cujo ponto de vista estético e antropológico encontra nele uma linguagem tropical", declarou.
Uma mesa-redonda na quinta-feira enriquecerá ainda mais a homenagem a Nelson Pereira dos Santos. Participarão Paulo Antônio Paranaguá, jornalista do Le Monde, Marie-Christine de Navacelle, ex-delegada do festival Cinema du Réel, e Lisa Guinzburg. "Também projetaremos UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras) na pré-estréia mundial. Este documento oferece uma primeira visão cinematográfica do trabalho das UPPs, que aborda as favelas do Rio de Janeiro sob um ângulo que não é exclusivamente repressivo.
Oito longa-metragens concorrerão no 13º Festival de Cinema Brasileiro de Paris, entre eles "Como Esquecer", de Malú Martino, "Chico Xavier", de Daniel Filho, "Malú de Bicicleta", de Flávio Ramos Tambellini, "180 Graus" de Eduardo Vaisman, e "Além da Estrada" de Charly Braun.
Também competem pelo maior prêmio "Os famosos e os Duendes da Morte" de Esmir Filho, "As melhores Coisas do Mundo", de Lais Bodansky e "Desenrola", de Rosane Svartman. Entre os documentários exibidos estão "O Manuscrito Perdido", de José Barahona, "Uma noite em 67", de Renato Terra e Ricardo Calil, "Cortina de Fumaça", de Rodrigo Mac Niven, e "Memória Cubana", de Alice de Andrade e Ivan Nápoles.
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