Herança cultural é a chave para manter a moda original
PARIS, 13 Abr 2011 (AFP) -A moda é cada vez mais global, mas a herança cultural e a inovação são essenciais para evitar que o original se torne comum, de acordo com especialistas internacionais que participaram de um encontro de escolas de moda, nesta quarta-feira.
Delegados de cerca de 40 escolas de moda em 20 países estão em Paris esta semana para a 13ª conferência anual da International Foundation of Fashion Technology Institutes.
"A moda e o luxo: entre tradição e inovação" é o tema do evento de quatro dias.
"Tiramos o quimono há muito tempo", afirmou o presidente da fundação Satoshi Onuma, referindo-se à sua terra natal, o Japão, onde atualmente preside o Bunka Fashion College, que tem como ex-alunos Yohji Yamamoto e Kenzo Takada.
"A indústria da moda e da cultura ocidental estão indo muito rápido", disse, acrescentando que "as pessoas misturam suas civilizações. Esta é uma direção, é um movimento que não podemos mudar".
Mas - argumentando que "globalização não significa uniformização" - Onuma ressaltou que "cada país tem sua própria herança".
"Estas são as raízes da criatividade. Isso é o que nós ensinamos, ainda que não possamos ensinar a criatividade em si. A originalidade virá da criatividade. Nós não somos obrigados a vestir a mesma coisa".
Dominique Jacomet, diretor do Institut Français de la Mode, a escola de moda parisiense que recebe a conferência deste ano, concordou.
"É tentar (unir) isso com a globalização. Todos nós podemos estar de jeans, mas existe uma demanda real pela identidade", afirmou. "O que torna as marcas francesas, em particular, um sucesso no mundo inteiro, é a maneira como elas estão ancoradas em uma herança cultural".
"Há trinta anos, luxo e moda estavam muito separados. Hoje, tudo vem junto, principalmente devido às demandas dos consumidores e às estratégias de negócios".
Encontrar um equilíbrio entre inovação e tradição familiar permitiu à casa de artigos de luxo francesa Hermes, fundada em 1837, crescer no exterior, principalmente na Ásia, que representa 26% de sua atividade, sem contar com o Japão, afirmou o vice-presidente internacional da Hermes, Guillaume de Seynes.
Para atender às exigências especiais na China, a Hermes lançou sua própria marca, Shang Xia, com móveis, cashmeres e porcelanas criadas em meio às linhas tradicionais chinesas e adaptadas aos gostos contemporâneos chineses, explicou.
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