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Museu em Roma faz exposição sobre Nero, déspota matricida e amante das artes

12/04/2011 14h43

ROMA, 12 Abr 2011 (AFP) -Déspota e com uma tendência à arte mal-sucedida: o imperador Nero (37-68 aC) tem um perfil pouco animador, projetado por autores clássicos e o cinema, mas uma exposição no Fórum Romano tenta apresentar uma imagem menos caricatural.

A mostra, intitulada simplesmente "Nero", que será aberta nesta quarta-feira não quer ser vista "como uma reabilitação de Nero, mas contribui para explicar seus méritos, qualidades, e defeitos, para transmitir uma imagem completa", explicou nesta segunda-feira à imprensa o secretário de Estado para a Cultura, Francesco Maria Giro.

Nero era "um homem cheio de sombras e luzes (e) a exposição é apresentada nos locais onde conduzia sua vida pública e privada: um percurso que nos leva do Fórum romano ao Palatino, passando pelo Coliseu e pela Domus Aurea", precisa Francesco Maria Giro.

A legenda não faz dele um personagem simpático: o autor romano Suetônio, em "Vidas dos doze Césares" descreve longamente os assassinatos que matizaram sua curta vida: entre outros, da mãe Agripina, que o elevou, no entanto, ao poder, ao se casar com o imperador Cláudio, suas esposas Otávia e Pompeia, seu adversário Britannicus e o mentor e filósofo Sêneca. Ele próprio, imperador aos 17 anos, morreu aos 30 anos, obrigado ao suicídio.

No início da exposição é apresentada uma impressionnante galeria de retratos e de bustos desses personagens dignos de uma telenovela: Agripina, mãe possessiva e invasiva, Pompeia, a prostituta que ele transformou em imperatriz, antes de ser morta, grávida.

Uma atmosfera sulfurosa e decadente perfeitamente recriada em "Quo vadis?" (1951), onde Peter Ustinov encarna un Nero histriônico que contribui para a legenda negra do personagem. Trechos do filme são projetados no templo de Rômulo.

Mas Nero é também um amador e promotor da cultura, da arte e da arquitetura. Não se deve esquecer que este tocador de lira (à imagem de Apolo) teve Sêneca como preceptor.

Reforma completamente o centro de Roma, com seu projeto faraônico do palácio da Domus Aurea, "uma estrutura extremamente complexa que ocupava o Palatino, Colle Oppio, o vale do futuro Coliseu e o Celio", explicou à AFP a diretora do Coliseu, Rossella Rea.

"É um complexo de diferentes palácios inseridos numa paisagem muito verde e muito rica em decorações aquáticas: é preciso lembrar que no local onde foi construído o Coliseu ficava num grande lago artificial", disse.

O Coliseu tirou seu nome (Colosseo) da estátua "colossal" de 35 metros representando o Deus Sol com os traços de Nero.

Da Domus Aurea, que "não pôde ser concluída, foi destruída por um incêndio após a morte de Nero", depara-se com a "cenatio rotunda", a famosa sala de jantar redescoberta no final de 2009 no Palatino.

O visitante deve estar em boa forma física, porque precisará de mais de três horas para uma visita completa aos oito sítios, advertiu Rossella Rea. São recomendados sapatos apropriados e óculos de sol.


"NERO"
Quando: de 12 de abril a 18 de setembro de 2011
Informações e visitas guiadas: Museu Pierreci (0/xx/39 06 39967700)