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Vargas Llosa: veto de intelectuais argentinos é antidemocrático

04/03/2011 17h51

MÉXICO, 4 Mar 2011 (AFP) -O escritor peruano e Prêmio Nobel de Literatura 2010, Mario Vargas Llosa, considerou que a oposição de um grupo de intelectuais argentinos à sua inauguração da Feira do Livro de Buenos Aires reflete seu "pouco espírito democrático".

"Me entristeceu muito (a oposição de alguns intelectuais argentinos), porque me parece ruim que haja escritores que vetem outros escritores simplesmente porque divergem politicamente deles, isso revela um espírito pouco democrático", disse Vargas Llosa à imprensa.

"De toda forma, acredito que se trata de um grupo muito pequeno e não sei até que ponto seja realmente representativo na intelectualidade argentina", completou o autor de "O Sonho do Celta".

"Conheço muitos escritores argentinos, com alguns estamos de acordo, com outros divergimos, mas estou certo de que nenhum deles pediria a censura e o veto, porque sabe que são absolutamente incompatíveis com a literatura e com a cultura em geral", prosseguiu.

Na terça-feira, intelectuais próximos à presidente argentina, Cristina Kirchner, lançaram uma iniciativa para impedir que o prêmio Nobel de Literatura em 2010 inaugurasse a Feira do Livro de Buenos Aires, ao acusá-lo de "liberal autoritário".

Contudo, um dia depois, o governo disse que Vargas Llosa poderá fazer com liberdade seu discurso de abertura da feira, em 20 de abril.

Vargas Llosa agradeceu nesta sexta-feira no Castelo de Chapultepec o presidente Felipe Calderón por lhe outorgar a Ordem de Águia, a máxima condecoração que o governo mexicano dá a estrangeiros, apesar de em alguns momentos ter "criticado severamente o México".

Em 1990, o escritor cunhou no México a expressão "ditadura perfeita" em alusão ao poder exercido de forma consecutiva pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI) durante 71 anos. Anos depois, disse que o México tem "uma democracia imperfeita".