Relatório de comitê americano critica censura ao 'Estadão'
NOVA YORK, 15 Fev 2011 (AFP) -A censura na América Latina alcançou um dos níveis mais altos desde que a região democratizou-se há três décadas, denunciou um relatório do Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ), que criticou a censura ao jornal 'O Estado de S.Paulo' no Brasil.
"Apesar de a censura não ter a mesma envergadura que durante as ditaduras militares, quando muitos jornalistas desapareceram e as forças armadas ditavam o que podia ou não ser publicado, seu ressurgimento é preocupante", adverte o relatório do CPJ sobre os ataques à imprensa em 2010.
Segundo June Carolyn Erlick, ex-repórter na América Latina e atualmente diretora editorial na Universidade de Harvard, "hoje a censura é mais insidiosa". "As ameaças continuam presentes e às vezes conduzem à autocensura, inclusive antes de a censura exercer-se", explicou.
O CPJ cita o exemplo de pressões no Brasil da família Sarney, que mediante uma ação judicial deteve a publicação de denúncias sobre nepotismo e corrupção pelo 'Estadão'.
Na Venezuela, o regime de Hugo Chávez proibiu o jornal El Nacional e outros veículos de publicar imagens violentas durante o mês anterior às eleições legislativas de setembro.
No Equador, o governo do presidente Rafael Correa "tentou substituir as vozes independentes com as suas próprias", enquanto que Cuba "manteve seu estrito regime de censura", assegura o documento.
A autocensura também causa estragos no México, "como consequência da violência dos cartéis de droga e dos grupos criminosos", completa o CPJ.
O relatório anual faz um balanço global da liberdade de imprensa e dos ataques contra jornalistas no mundo todo. No total, 44 jornalistas foram mortos em 2010.
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