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Berlim: filme retrata o dia da explosão em Chernobyl

14/02/2011 19h38

BERLIM, 14 Fev 2011 (AFP) -"Innocent Saturday", do russo Alexander Mindadze, projetado nesta segunda-feira no Festival de Berlim, conta o ocorrido em 26 de abril de 1986, quando um reator da central nuclear de Chernobyl explodiu e, a dois quilômetros dali, na vizinha Pripyat, os moradores continuaram com suas vidas como se nada tivesse acontecido durante 36 horas até serem, por fim, retirados.

"Nesse dia eu estava em Minsk, a capital de Belarus, filmando. Não pensamos nada sobre as nuvens, simplesmente estávamos contentes porque havia uma luz rara e muito cinematográfica. Bebemos vinho vermelho porque supostamente ajudava a descontaminar o organismo", declarou Mindadze.

Considerado o maior acidente nuclear da História, a explosão do reator de Chernobyl causou a morte direta de 31 pessoas e obrigou o governo da União Soviética a retirar 135.000 pessoas, provocando alarme internacional ao se detectar radioatividade em vários países da Europa.

O filme mostra de que forma os membros do então dominante Partido Comunista Soviético pretendiam ocultar a gravidade da notícia nas primeiras horas para não criar pânico entre a população de Pripyat, localizada a 2 km da central nuclear.

Apenas um personagem, Valery, interpretado pelo convincente Anton Shagin, músico e membro do Partido, observa a preocupação dos dirigentes e percebe que cada minuto conta. Então sai correndo em busca de Vera, sua namorada, e de seus amigos músicos para tentar sair da cidade.

No entanto, o fato de que é sábado faz com que as pessoas não levem a ameaça a sério. Um dos saltos do sapato de Vera quebra, e ela convence Valery a ir comprar novos pares. Nos mercados, as pessoas permanecem como se nada estivesse ocorrendo, as crianças brincam nas ruas, e à tarde há um casamento no qual Valery e seus amigos músicos devem tocar.

A catástrofe está onipresente, mas invisível. A namorada de um dos músicos sente "um sabor metálico" quando ele a beija. À medida que as horas passam, continuam bebendo vodca, a ebriedade aparece, e também vão sendo revelados novos detalhes da catástrofe. A nuvem negra e amarela é vista de longe.

"Pensava neste filme há vários anos: como o ser humano reage diante das catástrofes? Por que as pessoas não saíram imediatamente? O filme reflete a mentalidade russa, perto da morte sempre. Vinte e cinco anos depois não analisaram o problema de Chernobyl. Todo mundo ficou calado", disse o diretor.