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O 3D de Wim Wenders e animação francesa dominam Berlim neste domingo

13/02/2011 17h06

BERLIM, Alemanha, 13 Fev 2011 (AFP) -O cineasta alemão Wim Wenders deslumbrou neste domingo o público do Festival Internacional de Cinema de Berlim com seu documentário em 3D sobre o grupo de dança e teatro de sua compatriota Pina Bausch, a coreógrafa que revolucionou a dança contemporânea falecida em 2009.

O francês Michel Ocelot também apresentou na Berlinale "Les contes de la nuit", uma série de lendas interpretadas por personagens em silhuetas animadas e filmadas com as modernas técnicas digitais de 3D, em disputa pelo Urso de Ouro.

No filme de Wenders, mescla de cenas de dança e de entrevistas, aparecem atores-dançarinos do mundo inteiro, membros do grupo, entre eles a brasileira Regina Advento.

"Vamos dançar, de outra maneira, estamos perdidos", era o lema de Pina Bausch e da companhia "Tanztheater de Wupertal".

Wim Wenders era muito amigo de Pina Bausch e há anos tinha vontade de realizar este trabalho.

"Sonhávamos em fazer esse filme há uns 20 anos. Começamos a trabalhar nele quando aconteceu o inimaginável, sua morte. Durante as filmagens, ela estava presente por trás de mim. Fazer o filme foi um trabalho de luto, mas não foi algo triste", explicou. O documentário permite ver os espetáculos, entre eles uma coreografia baseada na "Consagração da primavera", de Igor Stravinsky, como se o espectador estivesse em cena.

"Filmamos com duas câmaras e um guindaste que era como um dinossauro, que se deslocava no teatro. Conhecíamos de cor as coreografia. As filmagens duraram um ano, a técnica melhorou muito durante este ano", contou Wenders, que obteve para este filme o apoio de um grande estúdio hollywoodiano, a Warner Bros.

"O olhar de Pina Bausch sobre o movimento, sobre a alma, isso que nos faz mover, é o tema deste documentário. Seu olhar era penetrante, nada passava despercebido, mas a pessoa não se sentia nu diante dela, pois era um olhar terno, amoroso", comentou Wenders.

Já Michel Ocelot, de 67 anos, se definiu como um "um feiticeiro capaz de produzir beleza criando personagens e ações que não existem, levando-nos numa viagem através de diferentes mundos, como num tapete mágico" para apresentar seu filme de animação em 3D.

O cineasta, que viveu anos na África e viajando pelo mundo, levou essa experiência para uma obra que se destaca pelos relevos, as cores e as metamorfoses dos personagens.

Seu filme fala de uma menina que vai ser sacrificada, história inspirada num conto africano, mas que também o diretor situa no mundo dos aztecas "por sua formidável arquitetura e pela crueldade de seus sacrifícios humanos", explicou.

"Eu me encontrei com esse novo brinquedo digital em três dimensões que me permite contar minhas histórias como que por encanto", explicou, enfatizando o prazer que sentiu por fazer esse filme.

"Com o computador, você sente a felicidade de manipular. E a paleta que ele te oferece é muito ampla. Cada cenário pode ser uma orgia de cores. As silhuetas negras em primeiro plano valorizam as imagens".

No entanto, destaca: "O que dá qualidade a uma obra é o artista".