Finlândia leva a sério a trégua de Natal
TURKU, Finlândia, 21 dez 2010 (AFP) -Jouku Lehmusto desenrola solenemente o pergaminho caligrafado portando a Declaração de Paz de Natal: segundo um direito conferido desde a Idade Média aos suseranos finlandeses, ele anuncia a trégua de Natal e promete terríveis punições aos arruaceiros.
A cada ano, após os sinos da catedral de Turku tocarem meio-dia em 24 de dezembro, a fanfarra começa e o chefe da administração municipal surge na varanda acima da praça do mercado velho para ler a Declaração.
"Amanhã, se Deus quiser, será o dia da graciosa celebração do nascimento de Nosso Senhor...", começa invariavelmente.
A cerimônia é transmitida pela televisão e pela rádio nacionais. Para muitas famílias, começam assim, oficialmente, as festividades.
A Declaração não tem nada a ver com os votos calorosos habituais da época. Pelo contrário, o texto encoraja os cidadãos a manterem a calma e o respeito de Natal. Se não...
"Aquele que romper com esta trégua e violar a paz do Natal por qualquer comportamento ilegal ou inapropriado será declarado culpado por circunstâncias agravantes e punido", advertiu Lehmusto ao ler o pergaminho iluminado, reprodução da Declaração original com mais de cinquenta anos.
"Sabemos que uma versão deste texto datando de 1600 era bem mais longa, detalhada e com punições bem mais severas", explicou à AFP.
A Declaração chegou à Finlândia ao mesmo tempo em que a fé cristã, no século XII, mas ela sempre foi uma prerrogativa do governo local, não da Igreja.
"O suserano dava sua garantia de que a guerra e a violência cessariam para o Natal (...) Qualquer trabalho era proibido, a menos que fosse absolutamente necessário, como a alimentação do gado", explicou à AFP uma historiadora de Turku, Tarja-Tuulikki Laaksonen.
Era proibido até ter convidados sem a autorização expressa do senhor feudal.
Segundo Laaksonen, a multa por violar a trégua de Natal era tão alta que o condenado poderia ficar endividado pelo resto de sua vida.
E as penas por infringir a Declaração figuraram no corpo legislativo finlandês até os anos 1970.
Hoje, as "punições" são temidas mais por uma questão das promessas do texto. As palavras que encorajam "devoção e o comportamento calmo e pacífico" fazem parte da tradição de Natal finlandesa tanto quanto as canções natalinas como "Noite Feliz".
"É um evento muito importante para inúmeras pessoas. Mesmo se o tempo estiver ruim, sempre haverá 10 mil pessoas na praça para escutar a leitura", afirmou Lehmusto.
E mesmo que outras cidades na Finlândia celebrem a Paz de Natal, os historiadores consideram que é em Turku, e nenhum outro lugar do mundo, que esta tradição medieval melhor se preservou. Desde a Idade Média, a Declaração foi lida nesta cidade do sul do país cada ano sem interrupção, com a exceção das duas Guerras Mundiais e da Guerra de Independência finlandesa em 1917.
A cada ano, após os sinos da catedral de Turku tocarem meio-dia em 24 de dezembro, a fanfarra começa e o chefe da administração municipal surge na varanda acima da praça do mercado velho para ler a Declaração.
"Amanhã, se Deus quiser, será o dia da graciosa celebração do nascimento de Nosso Senhor...", começa invariavelmente.
A cerimônia é transmitida pela televisão e pela rádio nacionais. Para muitas famílias, começam assim, oficialmente, as festividades.
A Declaração não tem nada a ver com os votos calorosos habituais da época. Pelo contrário, o texto encoraja os cidadãos a manterem a calma e o respeito de Natal. Se não...
"Aquele que romper com esta trégua e violar a paz do Natal por qualquer comportamento ilegal ou inapropriado será declarado culpado por circunstâncias agravantes e punido", advertiu Lehmusto ao ler o pergaminho iluminado, reprodução da Declaração original com mais de cinquenta anos.
"Sabemos que uma versão deste texto datando de 1600 era bem mais longa, detalhada e com punições bem mais severas", explicou à AFP.
A Declaração chegou à Finlândia ao mesmo tempo em que a fé cristã, no século XII, mas ela sempre foi uma prerrogativa do governo local, não da Igreja.
"O suserano dava sua garantia de que a guerra e a violência cessariam para o Natal (...) Qualquer trabalho era proibido, a menos que fosse absolutamente necessário, como a alimentação do gado", explicou à AFP uma historiadora de Turku, Tarja-Tuulikki Laaksonen.
Era proibido até ter convidados sem a autorização expressa do senhor feudal.
Segundo Laaksonen, a multa por violar a trégua de Natal era tão alta que o condenado poderia ficar endividado pelo resto de sua vida.
E as penas por infringir a Declaração figuraram no corpo legislativo finlandês até os anos 1970.
Hoje, as "punições" são temidas mais por uma questão das promessas do texto. As palavras que encorajam "devoção e o comportamento calmo e pacífico" fazem parte da tradição de Natal finlandesa tanto quanto as canções natalinas como "Noite Feliz".
"É um evento muito importante para inúmeras pessoas. Mesmo se o tempo estiver ruim, sempre haverá 10 mil pessoas na praça para escutar a leitura", afirmou Lehmusto.
E mesmo que outras cidades na Finlândia celebrem a Paz de Natal, os historiadores consideram que é em Turku, e nenhum outro lugar do mundo, que esta tradição medieval melhor se preservou. Desde a Idade Média, a Declaração foi lida nesta cidade do sul do país cada ano sem interrupção, com a exceção das duas Guerras Mundiais e da Guerra de Independência finlandesa em 1917.
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