Topo

Morreu Blake Edwards, diretor da 'Pantera Cor-de-Rosa'

16/12/2010 19h34

LOS ANGELES, 16 dez 2010 (AFP) -O cineasta Blake Edwards, ganhador do Oscar e famoso por filmes como os da série "A Pantera Cor-de-Rosa", "Bonequinha de Luxo" e a comédia romântica "A Mulher Nota 10", morreu aos 88 anos, informou esta quinta-feira seu porta-voz à AFP.

O lendário roteirista, diretor e produtor morreu na quarta-feira em Santa Monica (Califórnia, oeste), por complicações de uma pneumonia, informou em comunicado a família do cineasta, destacando que na hora de sua morte, ele estava acompanhado daquela que foi sua mulher por 41 anos, Julie Andrews.

"Foi o homem mais excepcional que conheci e foi meu companheiro. Vamos sentir a falta dele mais do que podemos dizer e estará para sempre nos nossos corações", declarou Andrews, de 75 anos, em comunicado divulgado pelo agente do ator.

Edwards e Andews casaram-se em 1969 e tiveram dois filhos.

Em uma carreira que se estendeu por mais de meio século, o cineasta trabalhou com lendas do cinema como Audrey Hepburn, Cary Grant, Tony Curtis e Jack Lemmon.

Mas provavelmente ele seja mais conhecido pela série "A Pantera Cor-de-Rosa", inciada em 1963, na qual o desajeitado inspetor Clouseau, interpretado pelo ator britânico Peter Sellers, caça o aristocrático ladrão de jóias Sir Charles Lytton, interpretado por David Niven.

Ele lançou ao estrelado a estonteante Bo Derek em "Mulher Nota 10" (1979), no qual também atuou Dudley Moore.

Em 2004, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que concede as cobiçadas estatuetas douradas, premiou Edwards com um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra.

Nascido William Blake Crump em Tulsa (Oklahoma), em 26 de julho de 1922, Edwards era enteado do diretor de teatro Jack McEdwards. Ele cresceu influenciado pela indústria cinematográfica, frequentou a escola com filhos de astros de Hollywood e dividiu uma casa com Mickey Rooney.

Após uma curta passagem como ator, Edwards se especializou em atividades atrás da câmera, como roteiro, direção e produção. Ele começou a carreira como escritor de roteiros para um programa de detetive para a rádio, no qual revelou seus primeiros lampejos de humor.

Os sete filmes da série "Pantera Cor-de-Rosa", lançados entre 1964 e 1978, se tornaram sucessos imediatos de bilheteria, embora Edwards nem sempre tenha se dado bem com Sellers.

Os dois se estranhavam no set, mas Edwards permitiu que Sellers fizesse de Clouseau um estabanado e colocou o personagem no centro da trama.

A ideia funcionou. Eles fizeram juntos sete filmes entre 1964 e 1978. Mas o relacionamento entre os dois azedou e depois da morte do ator, em 1980, Edwards fez um novo episódio de "A Pantera Cor-de-Rosa" (1982), com imagens filmadas antes da morte de Sellers, aos 54 anos.

"Peter Sellers virou um mostro. Ele ficou entediado com o papel e ficou furioso, tornou-se taciturno e antiprofissional", contou Edwards, em comentários ao site da indústria cinematográfica imbd.

"Ele não aparecia para trabalhar e começou a colocar a culpa em todo mundo, sem parar por um momento sequer para ver se deveria ou não culpar a si próprio por sua própria raiva, por sua própria loucura", emendou.

A carreira do diretor teve altos e baixos. Sua comédia musical, "Lili, minha adorável espiã" (1970) foi um fracasso avassalador, e "Mulher Nota 10" despertou o sarcasmo da crítica.

Mas, por fim, Edwards voltou a recuperar a aclamação com "Vitor ou Vitória", musical estrelado por sua esposa, Julie Andrews, intérprete de uma cantora que se veste de homem em busca de oportunidades. O filme lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor roteiro.

Além da viúva, Edwards deixa cinco filhos, sete netos e dois bisnetos.