Prêt-à-porter primavera-verão 2006 revela o ecletismo parisiense
PARIS, 3 out (AFP) - As coleções de prêt-à-porter parisienses para a temporada primavera-verão 2006 demonstraram mais uma vez, nesta segunda-feira, o ecletismo dos estilistas permanentemente em busca de novas formas de expressão, da tradicional 'maison' Paco Rabanne aos japoneses Kenzo Takada e Jun Takahashi para a Undercover.
O americano Patrick Robinson, que apresentou sua segunda coleção na passarela para Paco Rabanne, quer inventar uma nova estética. "Uma fusão da herança da casa e da tecnologia moderna".
Tecidos metalizados, que lembram a história da casa, assumem tons dourados à noite. A mulher de Rabanne é sensual, com vestidos decotados nas costas, saias curtas e calças justas.
O jovem estilista acrescenta seu toque pessoal à coleção, inspirando-se nas armaduras medievais e nos samurais para transformar em quebra-cabeças jaquetas estruturadas. Os tecidos "vintage" japoneses dão um toque de suavidade, assim como os casacos de penas. Vestidinhos azuis, luminosos, parecem inspirados em uma aquarela.
Kenzo Takada volta à criação, mas muito diferente da primeira fase, quando criou a casa Kenzo, hoje parte do consórcio de luxo LVMH.
Depois de seis anos longe das passarelas, o estilista japonês apresentou no início de setembro a linha Goran Kobo ('Os Cinco Sentidos'), especialmente criada para a casa, à qual se agrega uma coleção de prêt-à-porter exclusivamente de verão e atemporal.
Esta coleção transpira a essência de Kenzo: a influência das viagens e as cores. Seu Japão natal traz a inspiração de paisagens de montanha nebulosas em preto e branco ou em estampas florais. As linhas são simples e confortáveis e resumem a paixão do estilista pela mestiçagem: vestidos chineses, smokings ocidentais, caftans ocidentais, saris indianos e sarongues indonésios.
Algo muito distinto do apresentado por Jun Takahashi, um dos mais brilhantes representantes da nova geração de estilistas japoneses, que usa materiais de luxo em uma coleção marcada pelos estilos "destroy" e "new age". A cor predominante é o branco, mas o preto também está presente sobretudo na peça com a inscrição "Live in Père Lachaise cemetery" ('ao vivo do cemitério Père Lachaise', em alusão ao cemitério mais famoso de Paris).
Suas mulheres são amazonas modernas, com longas botas e camisetas "new age", algumas mais parecem vestidos, outras de mangas compridas que servem de cinto para um casaco.
Outro japonês, Yohji Yamamoto, demonstrou na véspera ser um arquiteto do vestuário, o qual desconstrói à sua maneira, brincado com peças originalmente masculinas. Yamamoto tritura o fraque, alargando-o até formar uma cauda, alarga camisas que ultrapassam os blazers, e agiganta colarinhos e punhos.
O mesmo faz com os trajes militares, reeditados em saias e tops nos quais os cintos imitam o desenho de cartucheiras. O espírito lúdico do estilista também se manifesta em vestidos pretos, adornados com tubos encapados, e até mesmo no vestido de noiva, no qual o tubo entra no tecido para formar uma armação de vanguarda.
O americano Rick Owens, por sua vez, veste a mulher com vestidos rabo de sereia de malha, que se ajustam ao corpo como uma segunda pele, ou com calças que brincam com a transparência.
O trabalho de construção de Owens se concentra especialmente nas jaquetas, que lembram os famosos ternos "new look" de Christian Dior, com saiões que parecem desafiar a gravidade, construções em espiral em volta do tronco e colarinhos que se projetam para frente. A técnica é respaldada por matérias-primas luxuosas, como a pele de serpente.
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