Rap está aí há muitos anos - e a poesia falada em ritmo tem origens entre a comunidade afro-americana que precedem as famosas festas de NY nos anos 70 - mas uma década em que o gênero começou a lançar consistentemente discos clássicos, estudados até hoje, reverenciados e vendidos aos montes, foram os anos 80. Mas por onde começar? Qual é o básico do básico para entender p gênero que passou por diferentes mudanças estéticas, sonoras e líricas ao longo dos anos e hoje é o mais ouvido do mundo. Bom, vamos a 5 discos fundamentais dessa primeira era de ouro do rap: The Great Adventures of Slick Rick - Slick Rick Slick Rick é o contador de histórias mais influente do rap. Quase todo rapper que se preze, tem seu "rap de historinha". Os Racionais MCs e Rodrigo Ogi são os mais reconhecidos na categoria aqui no Brasil. Na gringa um dos caras que mais fez de rap de historinha é o Nas. Eminem literalmente colocou a palavra "stan" no dicionário com um dos maiores contos da história do rap, seu single "Stan" de 2000. Todo mundo bebeu de várias fontes mas Slick Rick é a referência de 10 em 10 MCs. Esse disco, em especial, é uma coleção de contos. Algo que todo rapper faz um pouco, Slick resolveu transformar isso em sua marca registrada. O nome já diz tudo "As Grandes Aventuras de Slick Rick". Histórias em primeira pessoa, terceira pessoa, mais cômicas, mais dark, tem de tudo. É um disco que me arranca um sorriso até hoje. Straight Outta Compton - NWA "Gangsta rap" é o gênero, "oficialmente", mas eu gosto muito de como grupo chamava o que fazia: reality rap. Rap de realidade. Era vulgar, sujo e violento. Igual às vidas que eles viviam. O hino "Fuck The Police" é referência até hoje quando se pensa em tmomentos de revolta popular contra violência policial. O grupo tinha letras tão extremas que foram presos certa vez por simplesmente subir no palco e tocar sua mais polêmica canção. E minha parte favorita: eles venderam 1 milhão de cópias sem tocar no rádio. Eles eram banidos mesmo, na terra da liberdade de expressão. E isso não impediu Ice Cube e Dr Dre de fazerem um dos momentos mais importantes da cultura pop. O rap nunca mais seria o mesmo. 3 Feet High and Rising - De La Soul De La Soul trouxe uma qualidade de flow suave e batidas com loops divertidos, alegres e muita inteligência na construção das rimas. Além disso, o álbum foi o primeiro a ter uma construção tão sólida baseada no uso de vinhetas, um recurso que viraria moda por pelo menos as próximas duas décadas - hoje caiu um pouquinho uso. Mas o primeiro disco a abusar das vinhetas no rap é esse - o recurso já existia, mas não foi usado com o mesmo brilhantismo que nesse disco. Além da sonoridade única do grupo, as vinhetas deram aquela liga e senso de unidade na obra que fez o álbum se destacar como um dos melhores dos anos 80 - e na boa, de todos os tempos. Paid in Full - Rakim e Eric B Quantas citações e referências esse disco recebe até hoje, é simplesmente ridículo. Rakim é um dos mais originais flows do rap, que inspirou toda a geração de letristas que se levem a sério. Ele foi além da "rima no final da frase". Ele fez o rap que veio antes soar quase enfadonho. Dali pra frente o esforço dos MCs na caneta cresceu horrores. É um dos rappers que mudou o jogo para sempre. E Eric B nos cortes é simplesmente bom demais pra ser verdade. Não tem o que dizer. É um "Revolver" (Beatles) do rap. Aquele ponto de virada onde a música se tornou mais complexa e foi riscada uma linha no chão. Antes e depois de Paid in Full. It's a Big Daddy Thing - Big Daddy Kane Ok, muita gente indicaria o "Long Live The Kane", que vem antes. Mas eu não sou muita gente e pra mim o "It's a Big Daddy Thing" é uma evolução das habilidades exploradas no "Long Live..." Esse é um disco que levou o rap braggadocious, aquela fita de "eu sou o melhor" pruma categoria especial. Todo MC já se achava o melhor. Kane nesse disco decidiu que "não é se gabar se você for mesmo". Dá para ver a influência direta dele no estilo de humor e confiança do Jay-Z, tanto que na única mixtape oficial do Hova, ele faz um remix para "Young, Gifted and Black". Para mim funciona assim: se você inspirou o maior rapper de todos os tempos com um álbum - e não tenho tempo para debates sobre o Jay-Z ser ou não o melhor, se ele não te convenceu até aqui, é mais problema seu que dele - você tem um clássico certificado em mãos. Isso é só o topo do iceberg mas espero que vocês se divirtam com esses clássicos da primeira golden era. Semana que vem falo sobre os discos fundamentais dos anos 90. E como diz Kane... I say PEACE! Ronald Rios PUBLICIDADE |  | |