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Opinião: As 15 melhores séries de 2018

Do UOL, em São Paulo

29/12/2018 04h00

2018 teve muitas séries -- só nos Estados Unidos, foram 495, de acordo com levantamento do canal FX. Com tantas produções, o cardápio foi bem variado: de comédias espirituosas ao humor mais sombrio, passando por dramas psicológicos intensos aos contos de época. Essa variedade se reflete na lista de melhores séries do UOL, que você confere abaixo. Que tal colocar tudo em dia enquanto você espera para devorar as séries de 2019? 

  • Divulgação/FX

    "The Americans"

    Após seis temporadas de excelência, a série terminou neste ano mantendo o alto nível. Elizabeth (Keri Russell) e Philip (Matthew Rhys), os espiões russos que fingiam viver o sonho americano nos Estados Unidos, se viram obrigados a finalmente acertar as contas com o passado em dez episódios viscerais, marcados por atuações belíssimas. O capítulo final, com a sequência na garagem, foi um dos melhores momentos com os quais a TV nos brindou nos últimos anos. Foi melancólico e arrasador - exatamente como deveria ser.

    Onde ver: Disponível no acesso premium do Fox Play, o streaming da Fox.

  • Divulgação

    "A Amiga Genial"

    Emocionantes e penetrantemente políticos, os livros da tetralogia napolitana de Elena Ferrante foram adaptados com maestria pela HBO, em parceria com a emissora italiana RAI. A história segue a amizade entre Lenù e Lila, apelidos de duas garotas de famílias pobres em Nápoles, na Itália, no pós-2ª Guerra. A série concentra temas de amadurecimento universais e particulares, abordando o machismo e preconceito de classe enfrentado pelas protagonistas e as muitas sutilezas que estas opressões tomam na vida daqueles ao seu redor. Com um elenco eficiente, do qual se destacam as quatro atrizes que vivem Lenù e Lila na infância e adolescência, e direção que busca sabiamente potencializar o impacto emocional da história, "A Amiga Genial" é um começo auspicioso para a série, já renovada para segunda temporada.

    Onde ver: Disponível no HBO Go.

  • Divulgação

    "Sharp Objects"

    Baseada no livro "Objetos Cortantes", de Gillian Flynn, a minissérie da HBO é um caso cada vez mais raro na TV: em vez de bombardear o espectador com dezenas de informações e acontecimentos a cada episódio, ela toma seu tempo para construir uma intrincada trama psicológica ao redor de Camille, jornalista que retorna a sua cidade natal para investigar a morte de uma adolescente e o desaparecimento de outra. A espera compensa, e o resultado é uma história brilhante e inesquecível, potencializada pelos talentos de Amy Adams, hipnotizante como Camille, e de Patrica Clarkson, sua mãe na TV.

    Onde ver: Disponível no HBO Go.

  • Divulgação

    "Patrick Melrose"

    O primeiro dos cinco capítulos de "Patrick Melrose", intitulado "Bad News", é uma experiência quase sinestésica. A direção ágil e os recursos visuais de Edward Berger assaltam o espectador com as sensações pelas quais o personagem título, estupendamente interpretado por Benedict Cumberbatch, passa ao descobrir sobre a morte do pai e ir buscar seu corpo em Nova York. A minissérie, inspirada nos livros semiautobiográficos de Edward St. Aubyn, não dá respiro para o espectador a partir deste primeiro capítulo, desdobrando revelações emocionais e diálogos afiados que escondem, além dos temas óbvios do vício e do trauma emocional, uma análise pungente sobre a armadilha do cinismo e o valor da honestidade.

    Onde ver: Nos EUA, foi ao ar pelo canal Showtime.

  • Divulgação

    "Better Call Saul"

    A série sobre Saul Goodman, o advogado pouco escrupuloso de "Breaking Bad", vem mostrando mais vida própria a cada ano que passa - coincidente e paradoxalmente, conforme ela mais se aproxima dos eventos da série original. O complicado relacionamento entre Jimmy/Saul (Bob Odenkirk) e Kim (Rhea Seehorn) foi deliciosamente doloroso de se assistir, e a série ainda agradou aos fãs de "BB" ao fazer a muito esperada introdução de Gus (Giancarlo Esposito).

    Onde ver: Disponível na Netflix

  • Divulgação/Fox

    "Pose"

    Assistir à primeira temporada de "Pose" é testemunhar uma revolução acontecendo no mundo da TV. Nunca a produção televisiva americana viu uma série que retratasse a vida de personagens LGBTQ+ dentro de suas comunidades com tamanha franqueza, tamanho espírito de inclusão, tamanha bravata. E não é qualquer história LGBTQ+ que Ryan Murphy e companhia abordam aqui: "Pose" é, predominantemente, sobre a experiência de pessoas transgêneras que vivem nas beiradas da sociedade dos anos 1980, criando e recriando suas próprias personas e trajetórias em meio ao ápice da epidemia da AIDS e da arrogância "machona" que transformou "Rambo" e Donald Trump em símbolos populares. Com elenco que bateu recorde de número de atores transgênero em uma mesma série de ficção, "Pose" já é desafiadora só por existir: sua humanidade e sua excelência técnica são deleites adicionais.

    Onde ver: Disponível no acesso premium do Fox Play, o streaming da Fox.

  • Divulgação/Netflix

    "The Good Place"

    A espirituosa série criada por Michael Schur (Parks and Recreation) mostrou que tem fôlego e criatividade de sobra com os episódios que foram ao ar neste ano. A atração continua extrapolando de formas cada vez mais inusitadas a premissa da mulher (Kristen Bell) que foi parar no céu por engano, com tiradas inteligentes e debates filosóficos que se tornam mais palatáveis pelo bom humor. O último episódio do ano, "Janet(s)", é um dos melhores da série até hoje - e um ótimo exemplo de como se contar uma história complexa de forma divertida em 30 minutos.

    Onde ver: Disponível na Netflix

  • Reprodução

    "Brooklyn 9-9"

    O cancelamento da série após a exibição da quinta temporada, anunciado pela Fox, veio como um golpe nos fãs. Seu resgate pela NBC pouco depois, por outro lado, trouxe mais atenção do que nunca para esta comédia brilhante, que encontra maneiras geniosas de desenhar cada vez mais definidamente seus personagens e os tipos de humor que eles trazem para a trama. Não há elo fraco no time de policiais atrapalhados de "Brooklyn Nine-Nine" -- ou no time de atores, diga-se de passagem. Na segunda metade de sua quinta temporada, a série teve tempo tanto de criar uma das cenas mais hilariantes do ano? quanto de colocar no ar "The Box", um dos episódios de sitcom mais formalmente ousados de 2018. Tanta versatilidade e competência merecia mesmo uma sexta temporada.

    Onde ver: As quatro primeiras temporadas estão disponíveis na Netflix.

  • Reprodução

    "Killing Eve"

    Eletrizante, a série da BBC America se tornou uma das grandes surpresas do ano ao retratar em oito episódios a caçada da agente do MI-5 Eve (Sandra Oh) a Vilanelle (Jodie Comer), uma serial killer divertidamente assustadora. Com duas protagonistas mulheres, a criadora Phoebe Waller-Bridge ("Fleabag") subverteu os clichês do gênero costurando uma trama com dramas reais, riscos, adrenalina e uma bela dose de sarcasmo britânico. As excelentes atuações de Comer e Oh, em sua volta à TV pós-'Grey's Anatomy', são as cerejas do bolo. Já está renovada para uma segunda temporada.

    Onde ver: Disponível no Globoplay, o serviço de streaming da Globo.

  • Divulgação

    "The Little Drummer Girl"

    O conflito entre Israel e Palestina é um assunto espinhoso para qualquer obra. Ainda bem, portanto, que a série busca sempre pesar e repesar suas moralidades ao abordar a trama de uma atriz (Florence Pugh) recrutada à força por agentes israelenses a fim de se infiltrar em uma célula de resistência palestina. Dirigido com a esperada ousadia visual do mestre coreano Chan-wook Park ("Oldboy"), a série aborda a forma como todos nós temos a firmeza moral testada pelo confronto com a realidade, e como nossas hipocrisias vêm à tona em um mundo complexo. Povoado por personagens assombrados por fantasmas violentos, a minissérie dá respostas práticas para a sua trama, mas planta dúvidas éticas na cabeça do espectador atento.

  • Reprodução

    "Bojack Horseman"

    A animação adulta sobre o cavalo que foi uma estrela de Hollywood nos anos 1990 voltou ainda mais provocativa e afiada - e em plena sintonia com o clima de autocrítica que dominou a indústria cinematográfica após o #MeToo. Agora estrelando uma série policial como o detetive Philbert, Bojack (dublado por Will Arnett) se viu no limiar entre realidade e ficção, um terreno que permitiu críticas certeiras aos modelos de anti-herói e masculinidade que ainda dominam as telas do cinema e da TV. Se precisar escolher um episódio para ver, vá de "Free Churro", sustentado por um ótimo monólogo do protagonista.

    Onde ver: Disponível na Netflix.

  • Divulgação

    "Wanderlust"

    O ano de Toni Collette continuou, depois de "Hereditário", com esta coprodução BBC/Netflix em que a atriz australiana interpreta uma psicóloga cuja vida sexual com o marido, Alan (Steven Mackintosh), anda meio caída. A fim de remediar este problema, ela propõe uma relação aberta. A "dramédia" criada por Nick Payne aborda o assunto, ainda um tabu, com honestidade e respeito, criando um relacionamento de marido e mulher em que nenhum dos dois é refém das vontades do outro. Seu texto esparso, em que personagens falam como gente de verdade (com hesitações, pausas, devaneios), dá espaço para os atores criarem performances cativantes e complexas no aparentemente curto espaço dos seis episódios que formam a primeira temporada.

    Onde ver: Disponível na Netflix

  • Divulgação

    "Atlanta"

    2018 foi o ano de Donald Glover. Ele estrelou "Solo - Uma História Star Wars" na pele do icônico Lando Calrissian e deu o que falar com o clipe de "This Is America", recheado de críticas ao racismo norte-americano. Mas seu projeto mais ambicioso foi a segunda temporada de "Atlanta", que levou ainda mais longe seu humor absurdo. "Teddy Perkins" se tornou (com razão) o episódio mais falado da leva ao colocar Glover na pele de um personagem que passou por um processo de branqueamento. Vale conferir.

    Onde ver: Disponível no acesso premium do Fox Play, o streaming da Fox.

  • Reprodução/Instagram

    "Insecure"

    Issa Rae segue abordando as complexidades do amadurecimento no contexto da comunidade negra contemporânea na terceira temporada de "Insecure". Suas personagens, sempre construídas de forma robusta, enfrentam desafios profissionais e amorosos, carregados de humor ou dúvida existencial. A direção é dinâmica, emprestando da linguagem dos videoclipes, mas também desacelerando o ritmo em alguns momentos para entregar as sutilezas emocionais da trama. Rae e sua equipe de roteiristas surpreendem no finale ao abordar o tema da saúde mental, deixando abertura para a já confirmada quarta temporada crescer ainda mais dentro da estrutura sólida que a série estabeleceu.

    Onde ver: Disponível no HBO Go.

  • Erica Parise/Divulgação Netflix

    "GLOW"

    Geralmente, as séries decaem em sua segunda temporada - o que era pouco promissor para "Glow". Mas a série sobre as mulheres que estrelam um programa de luta livre nos anos 1980 surpreendeu ao trazer episódios infinitamente mais interessantes em seu segundo ano, aproveitando o que há de melhor em seu numeroso elenco. As histórias de cada uma de suas estrelas foram bem desenvolvidas, e o texto da série conseguiu captar de uma forma bela (e divertida) as sutilezas da amizade fragilizada de Ruth (Alison Brie) e Debbie (Betty Giplin).

    Onde ver: Disponível na Netflix