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04/07/2008 - 17h03

"Me sinto como um jogador de futebol no Brasil", diz Neil Gaiman

GUSTAVO MARTINS
Repórter de UOL Diversão e Arte, em Paraty
Rogerio Cassimiro/Folha Imagem
Um dos autores mais assediados, Neil Gaiman participou de entrevista coletiva na tarde de sexta-feira
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O premiado autor de "Sandman", Neil Gaiman, disse em entrevista coletiva na Flip 2008 que às vezes se sente "como um jogador de futebol" no Brasil, tamanha a afeição demonstrada pelos fãs de seu trabalho no país. Como exemplos, ele citou a vez em que autografou para 1.250 pessoas na Fnac de São Paulo, em 2002, e uma palestra em 1996 na qual teve que ser retirado por seguranças após fãs invadirem o palco ("a única vez que isso aconteceu na minha vida", disse Gaiman).

Segundo o autor, que além da série de quadrinhos "Sandman" é conhecido por roteiros de cinema ("Beowulf", "Stardust"), livros adultos ("Deuses Americanos", "Os Filhos de Anansi") e infantis ("The Wolves in the Walls"), sua admiração pelos brasileiros é recíproca: "O Brasil foi o primeiro país depois dos Estados Unidos a publicar edições de 'Sandman', em 1989, e eram edições maravilhosas, eu tenho os pôsteres delas até hoje no meu banheiro. Foi um ótimo começo de relação", afirmou.

Neil Gaiman participa da mesa "A Mão e a Luva" este sábado, às 11h45, ao lado do escritor norte-americano Richard Price.

'Faça você mesmo'
Gaiman afirmou estar muito empolgado com o momento atual, em que as tecnologias estão mais acessíveis para a produção de arte. "Quando eu tinha 15 anos, em 1976, o punk me fez ver que você não precisava de milhões de dólares em sintetizadores e um porco inflável gigante para ter uma banda, era só ter as guitarras, uma bateria emprestada e um microfone", disse. "Se você quer fazer uma coisa, simplesmente faça, e aprenda com seus erros. Foi isso que o punk me ensinou, e é isso que guia o meu trabalho até hoje. Normalmente, os primeiros esboços que eu faço não são nada bons, eu vou melhorando e fazendo do meu jeito."

O autor também se disse otimista com a Internet, tanto com a cultura dos blogs quanto com a livre circulação de arquivos. "É claro que no meu mundo ideal eu preferiria que as pessoas estivessem comprando [a história em quadrinhos atualmente esgotada] 'Miracleman' e ajudando a pagar o meu jantar, mas como ela não está disponível em nenhum formato legítimo, fico feliz que estejam baixando", disse.

"Ontem mesmo eu conversei com a [autora e também convidada da Flip] Zöe Heller sobre isso, ela não sabia o que pensar sobre essa coisa de 'book swapping', de pessoas deixando livros nas praças para que outras leiam", afirmou. "O que eu acho é que você raramente descobre seu autor favorito comprando um livro, é sempre algo que alguém te empresta ou você encontra sem querer. Para mim o grande inimigo não são as pessoas que lêem de graça, e sim as pessoas que não lêem."

Hollywood
Um dos projetos atuais de Neil Gaiman é a adaptação para o cinema de "Morte: O Alto Preço da Vida", uma das histórias do universo "Sandman", que ele próprio deve dirigir. "O Guillermo Del Toro é o produtor executivo do projeto, e ele foi gentil o bastante para me deixar visitar o seu set no ano passado e aprender com ele, foi fantástico", disse o autor. Gaiman também está trabalhando em uma adaptação de seu livro "Os Filhos de Anansi" para a Warner.

O autor evita, porém, falar sobre datas para seus novos projetos. "Se há uma coisa que eu aprendi fazendo filmes é que eles saem quando eles saem, e sempre que saem te deixam surpreso", afirmou. "Veja o caso de 'Beowulf': era para ser um projeto pequeno, de baixo orçamento, uma coisa bem como 'Em Busca do Cálice Sagrado' do Monty Python, e nove anos depois de escrevermos o roteiro estamos em uma premiere com Angelina Jolie, Anthony Hopkins e John Malkovich."

Ana Ottoni / UOL
O autor de "Sandman" Neil Gaiman observa o boneco do Curupira na Flip (02/07/2008)
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Sobre a onda de adaptações de quadrinhos para o cinema, Gaiman diz que sua única preocupação é que os estúdios ficarão logo sem opções: "Daqui a pouco vão fazer adaptações até do Punho de Ferro", brincou. "Não sei se dá para apontar algum período em que Hollywood foi especialmente criativa, eles estão sempre com um modelo, já foram as comédias românticas, agora são os heróis de quadrinhos, muito por conta dos efeitos especiais", avalia. Para Gaiman, porém, o que importa é que o resultado seja um bom filme. "Guillermo Del Toro está fazendo 'Hellboy 2', um filme que vai ser classificado como mais uma dessas adaptações de HQ, mas eu já vi e posso dizer que é um trabalho muito pessoal, bem diferente de qualquer coisa."

Quadrinhos e livros
Gaiman diz que uma das coisas que acha curiosas no Brasil é que ainda persiste a questão se quadrinhos seriam uma forma menor de literatura (que foi perguntada na coletiva, inclusive). "Na Inglaterra e nos EUA, essa discussão já foi resolvida quando o Art Spiegelman ganhou um prêmio Pullitzer por 'Maus', e depois quando 'Watchmen' foi eleita uma das cem maiores obras da literatura pela Time Magazine", afirmou. "Os quadrinhos obviamente têm qualidades diferentes da prosa, mas pra mim é como discutir se o teatro é menor do que a prosa porque tem atores falando o que você deveria imaginar."

Sobre as diferenças que vê entre os dois meios, Gaiman acha que "a prosa tem essa coisa mágica de você juntar palavras e o leitor criar um mundo na cabeça dele, mas nos quadrinhos eu tenho mais controle, principalmente sobre o olhar de quem lê. Se eu quero que ele admire a construção de um castelo, mando o artista fazer um castelo de página inteira. Se eu descrever em um parágrafo, o leitor pode simplesmente pular até a próxima linha de diálogo". Outra coisa que Gaiman diz sentir falta quando escreve livros são "os quadrinhos em branco, que permitem que o leitor imagine o que os personagens estão pensando".

Perguntado sobre o que o teria levado para o horror e os quadrinhos, Gaiman brincou que "infelizmente as pessoas não são personagens, não têm boas histórias de origem. Adoraria dizer que fui picado por uma aranha radioativa e comecei a querer fazer quadrinhos de horror, mas não, foi simplesmente uma coisa com a qual eu senti afinidade".
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