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Sem testamento, Prince perde controle de sua música que tanto defendeu

11.jan.2015 - Prince surpreende o público ao entrar no palco para apresentar o vencedor de melhor canção - Reuters
11.jan.2015 - Prince surpreende o público ao entrar no palco para apresentar o vencedor de melhor canção Imagem: Reuters

Bloomberg

18/01/2017 15h56

Durante uma carreira de quase quatro décadas, Prince rompeu com seu selo de gravação, mudou de nome e retirou suas músicas de serviços populares de streaming para mostrar que ninguém podia dizer a ele o que fazer com sua música.

Apesar de ter inspirado outros artistas, o impulso de controlar seu catálogo também limitou a exposição de Prince e afetou o valor de sua música. Agora, como ele não deixou testamento, os desejos dele estão sendo deixados em segundo plano. Sua herança, representada pelo veterano da indústria da música Charles A. Koppelman e pelo advogado do ramo de entretenimento L. Londell McMillan, está submetida a uma ordem judicial para que se tire o maior proveito de um catálogo de cerca de 1.000 canções que inclui "Purple Rain" e "When Doves Cry".

Ambos selecionaram algumas das empresas mais poderosas da indústria da música, como a Universal Music Group, como administradoras do legado de Prince. Sua música, ausente no último ano e meio da maior parte dos grandes serviços de streaming, deverá estar disponível a tempo do Grammy Awards do mês que vem, enquanto o nome e a imagem de Prince em breve aparecerão em mercadorias. Considerando seu catálogo, o espólio poderia valer entre US$ 50 milhões e US$ 200 milhões.

"Estamos colocando o espólio e os ativos de entretenimento nas mãos das melhores companhias e das melhores pessoas para criar o maior valor", disse Koppelman, em entrevista. "Cada novo acordo é o melhor possível com as melhores companhias, com os melhores termos e condições."

Koppelman, uma importante figura da indústria da música que chefiou a EMI e trabalhou com lendas como Billy Joel e Carole King, é pressionado a agir rapidamente por uma série de razões legais, incluindo um iminente imposto sobre a herança.
Avaliação do espólio

A avaliação do espólio pode ser um processo contencioso. Os administradores do espólio de Michael Jackson ainda estão brigando com o Serviço Interno de Receita dos EUA quase 10 anos após a morte da estrela do pop. O ator Robin Williams tornou as coisas mais fáceis. Ele deixou sua propriedade intelectual para sua fundação, eliminando qualquer problema com impostos, e ainda determinou que ninguém explorasse o material por vários anos.

Qualquer imposto sobre a herança normalmente é cobrado nove meses após a morte de alguém nos EUA, prazo que, no caso de Prince, vencerá no fim deste mês. Como ele não deixou testamento, os administradores do espólio têm a responsabilidade legal de maximizar os retornos -- independentemente da vontade do artista em vida.

"A intenção dele é irrelevante porque ele nunca a colocou no papel", disse Laura Zwicker, que administra planejamentos de espólios na Greenberg Glusker Fields Claman & Machtinger e forneceu o valor estimado do espólio de Prince. "É por isso que é tão importante fazer as pessoas colocarem suas intenções no papel. Do contrário, mesmo que os administradores saibam dessa intenção e queiram segui-la, eles ficam impedidos."