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Pequenos reparos no imóvel rendem mais do que quebra-quebra

Fabio Braga/Folhapress,
Marcelo Ghelfi em seu apartamento em São Paulo
Marcelo Ghelfi em seu apartamento em São Paulo

A valorização de um imóvel está longe de ser uma ciência exata -grandes reformas nem sempre se traduzem em retorno financeiro. Por isso, é preciso saber no que investir e quanto desembolsar.
"Se o objetivo é vender, a regra é gastar o suficiente para deixar o imóvel habitável e causar uma boa impressão no comprador", afirma o economista Luiz Roberto Calado, autor de "Imóveis - Seu Guia para Fazer da Compra e Venda um Grande Negócio" (Saraiva, 142 págs., R$ 31,40).

"Quando o imóvel está mal conservado, é imprescindível fazer reparos para conseguir um bom preço na negociação", afirma o especialista.

Segundo ele, toda despesa acima disso não tem garantia de retorno. "Alterações cosméticas, como instalar um ar-condicionado central ou uma cozinha planejada de R$ 85 mil, podem não agregar valor no mercado hoje", diz.

O importante, então, é fazer o básico bem feito. Uma melhoria barata e obrigatória é a pintura. Para agradar a todos os gostos, o ideal é optar por tons neutros, de preferência branco ou bege.

Rachaduras e infiltrações também devem ser arrumadas: são certezas de desvalorização. "Quem vê aquilo nunca sabe o tamanho do problema e fica com medo", afirma Roseli Hernandes, diretora da Lello Imóveis.

Ela também recomenda consertar itens quebrados, como azulejos, pias e janelas. "São coisas em que todo mundo repara", completa.

De acordo com Ronaldo Gracindo, diretor da imobiliária Brasil Brokers, se o dono do imóvel não deixar tudo em ordem, pode demorar mais de um ano para fechar negócio.

O músico Marcelo Ghelfi, 52, esperou quase isso. Depois de ficar dez meses sem conseguir vender seu apartamento em São Judas (zona sul de São Paulo), ele decidiu fazer melhorias no imóvel, que tem mais de 20 anos.

"Uma pessoa que visitou me deu um toque. Disse que eu fecharia um negócio melhor se reformasse", conta.

Ele pintou paredes, trocou azulejos da cozinha, tirou carpetes, arrumou portas e torneiras quebradas. No total, o investimento ficou em R$ 25 mil. "Acredito que vou recuperar o que gastei", diz.

Desde a reforma, realizada há dois meses, ele já recebeu quatro propostas de compra.

ALUGUEL ACELERADO

Ao contrário da venda, a locação requer investimento maior em itens para aumentar o conforto do inquilino.

"Quem aluga não quer ter o trabalho de mexer na casa", diz a arquiteta Claudia Krakowiak. "Já o comprador gosta de deixar a decoração com a cara dele e pode não valorizar algumas mudanças."

De acordo com uma pesquisa feita pelo site de locação QuintoAndar, que avaliou a liquidez dos aluguéis de apartamentos em São Paulo entre fevereiro e maio deste ano, um imóvel com móveis planejados na cozinha é alugado 3,8 vezes mais rapidamente que os demais.

Outros itens valorizados são box de vidro e armários embutidos nos quartos e nos banheiros. Para saber se vale ou não fazer esse investimento, é preciso colocar os gastos na ponta do lápis.

"Dependendo do valor do aluguel e do condomínio, é melhor ter essa despesa para conseguir acelerar a locação", afirma André Penha, cofundador do QuintoAndar.

Foi o que fez o personal trainer Kaleb Sousa, 28. Em junho, ele recebeu as chaves do apartamento de 57 m² que comprou para alugar, em Barueri, na Grande São Paulo.

Depois de duas recusas de interessados, instalou piso laminado, gabinete e box no banheiro, armário embutido na cozinha e aquecedor a gás. "Outros proprietários que já fizeram isso estão conseguindo alugar bem", diz.

'MAQUIAGEM'

Causar uma boa primeira impressão nos compradores é tão importante que existe até profissional especialista em "maquiar" o imóvel para vender.

Popular nos EUA, o "home staging" consiste em deixar tudo em ordem e eliminar itens que personalizam demais os ambientes.

"Se, na visita, a pessoa encontrar bagunça ou muitos pertences dos proprietários, não vai conseguir se imaginar morando ali", diz Susana Damy, especialista em "home staging".

Segundo ela, atitudes simples já provocam um impacto positivo. Ela recomenda fazer uma faxina, tirar o excesso de móveis, esconder porta-retratos e coleções, arrumar a cama e não deixar louça na pia nem roupas no varal.

Divulgação
Cozinha planejada pela arquiteta Claudia Krakowiak
Cozinha planejada pela arquiteta Claudia Krakowiak

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Como deixar um imóvel mais atrativo

FORA DE MODA
Uma cozinha com azulejos antigos e fora de moda deprecia o imóvel. Uma solução é revestir as paredes com fórmica, que deixa o ambiente bonito e dispensa quebra-quebra

CARA DE NOVA
A pintura deve estar com cara de nova. Tons neutros e claros são a melhor escolha, porque agradam a maioria

FUNCIONALIDADE
Se o objetivo é alugar, vale a pena instalar armários planejados. O modelo deve ser funcional, não precisa ser sofisticado

ORGANIZAÇÃO
Tudo deve estar limpo e organizado para causar uma boa primeira impressão. Nada de louça na pia

Fonte: Susana Damy, especialista em 'home staging'; Claudia Krakowiak, arquiteta

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