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Novo trailer de Liga da Justiça ainda sugere um filme problemático

Roberto Sadovski

08/10/2017 16h28

É um sentimento estranho se concentrar nos aspectos negativos sempre que sai um novo trailer de Liga da Justiça, aventura da DC que coloca os maiores heróis da Terra unidos contra uma ameaça comum. Deveria ser o oposto, mas em vez de celebrar a união dessas verdadeiras lendas (como ocorreu com a concorrência ao lançar Os Vingadores), a sombra de uma produção problemática arranca a luz do que pode funcionar. O material, claro, não ajuda. Esse novo trailer em nada sugere uma guinada, um fiapo de esperança. O que temos é mais do mesmo, cenas estendidas, zero trama. O que surge é o esforço absurdo do estúdio em mostrar que o universo habitado por Batman, Mulher-Maravilha e cia. é um lugar de esperança, de triunfo antes o fim do mundo… mas não eram esses mesmos executivos quem, à época de Batman vs. Superman, louvavam seus personagens "sombrios e realistas"? A total falta de foco continua dando o tom. Mas o jogo ainda não terminou.

Zack Snyder ainda deve manter seu crédito como diretor do filme, mas ele partiu há meses, em luto por uma inimaginável tragédia pessoal. Em seu lugar entrou Joss Whedon, que ajudou a aprumar o barco na Marvel e assumiu a tarefa de pegar o material pronto, escrever novas cenas, refilmar o que a agenda permitiu e montar o que pode ser uma aventura com super-heróis divertida e emocionante. Whedon traz a tão necessária esperança, mas isso precisa ser mostrado, e não assumido! O novo trailer mostra a invasão da Terra por…. alguém. E a Liga se une para enfrentar…. esse alguém. Ah, e o Superman vai voltar da morte – mas isso é informado por todos os produtos licenciados em torno do filme, e não pelo marketing do estúdio. O crescendo usado no marketing de aventuras de gênero, com novas pistas somando-se ao quebra-cabeças, passa longe da campanha de Liga da Justiça. A essa altura, os fãs precisam de alguma coisa – qualquer coisa! – para reacender o interesse.

Mulher-Maravilha mostrou que o caminho para um bom filme de super-heróis não é esse realismo besta que alguns fãs (e, por um tempo, muitos executivos) acreditavam ser o caminho. Demorou para uma turma perceber que Christopher Nolan não estava no comando, e que essa pegada funcionou única e exclusivamente em seus filmes. Com o sucesso da aventura encabeçada por Gal Gadot, porém, logo o humor e um climão menos soturno tomou conta da vitrine de Liga da Justiça. Não sei se é tarde para virar o jogo, não sei se os personagens serão mais fortes do que as pessoas deles encarregadas. Ok, os pontos positivos: Ben Affleck foi um Batman incrível em um filme medíocre; Gal Gadot é um achado como Diana de Themyscira; Ezra Miller parece injetar humor juvenil como o Flash; e Jason Momoa é uma escolha inspirada como Aquaman (seu filme-solo parece ter potencial para o maior acerto dessa leva da DC no cinema). Ray Fisher como Cyborg não pode ser resgatado de seu design pavoroso e sua função como sub-Homem de Ferro. E, com a estreia já na esquina, o público ainda não sabe ao certo o que diabos é o filme. Mas é o que temos. E, vamos combinar, não deve ser pior que o Dark Universe. Liga da Justiça estreia em 16 de novembro.

Sobre o autor

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".

Sobre o blog

Cinema, entretenimento, cultura pop e bom humor dão o tom deste blog, que traz lançamentos, entrevistas e notícias sob um ponto de vista muito particular.