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Ama Cersei Lannister ou odeia o Batman? Descubra o que isso diz sobre você

Colaboração para o UOL, em San Diego (EUA)

22/07/2017 04h00

Apesar de ser um nerd assumido, o professor doutor em psicologia Travis Langley começou sua carreira de “super-herologista” com um objetivo pedagógico definido: ao falar de personagens da ficção e analisar seus perfis psicológicos, conseguia que seus alunos se interessassem mais pelas aulas do que apenas utilizando a literatura acadêmica clássica.

"Eles não apenas prestam atenção, como já têm um conhecimento amplo sobre o assunto. Toda história de super-herói trata da questão de como fazer a coisa certa. Não importa o herói do qual você fale, ele sempre tem paralelos com a realidade através da fantasia, do fantástico", explica.

Langley exemplifica: “Eu ensino psicologia forense, e muita gente tem dificuldade de lidar com esse assunto, especialmente em se tratando de pessoas reais. Quando falo do Batman, que foi uma criança que presenciou o assassinato dos pais, posso falar sobre crianças que presenciaram a morte de seus pais sem que eles tenham algum tipo de barreira para falar do assunto."

Hoje, ele tem publicados livros como "Psicologia em Game of Thrones", em "The Walking Dead", em "Star Wars", "Capitão América vs Homem de Ferro", escreve regularmente uma coluna no site Psychology Today chamada Beyond Heroes and Villains, tem mais de 100 mil seguidores no Twitter e dá aulas sobre o assunto na Henderson State University.

Para mostrar que os heróis podem sim dizer muito sobre a psicologia humana, Langley listou doze personagens que nos intrigam e nos dividem entre amor e ódio e o que eles dizem sobre quem os ama ou os odeia.

  • Reprodução

    Batman

    "Batman é um personagem meio óbvio por causa de seus conflitos. Para começar, ele é um super-herói por causa de sua psicologia. Os inimigos do Superman desafiam seus poderes, os do Batman desafiam sua psique. Muitas pessoas, como Batman, estão sempre conectadas ao passado como forma de não repetir seus erros. Existe o estresse pós-traumático, que torna a pessoa refém de uma situação e prejudica sua vida, mas existe outro fenômeno chamado 'crescimento pós traumático', em que a pessoa escolhe ficar conectada àquela dor de forma a se motivar e fazer algo bom e útil para os outros. Este é o Batman. No trailer de 'Liga da Justiça', ele fala que seu super poder é ser rico, mas essa descrição é errada. Seu poder é a persistência em se tornar alguém maior que a vida. Além disso, todo mundo sabe que não irá se tornar um alienígena com super poderes, nem será mordido por uma aranha radioativa, mas você sabe que tem gente no mundo que pode superar seus traumas e se tornar mais forte."

  • Divulgação/HBO

    Cersei Lannister ("Game of Thrones")

    "Sob qual ponto de vista [ela é uma boa mãe]? Ela tem uma postura de valorizar seus filhos acima de qualquer coisa. Ela diz que os ama, mas na maior parte do tempo ela age feito uma psicopata que não parece ter qualquer consciência. Ela não se importa com certo ou errado. Ela se importa consigo mesma e como alcançar o poder. O que muitas pessoas gostam na Cersei é que ela conseguiu chegar ao poder e se tornar rainha em um mundo em que as mulheres não tinham esse direito. É isso que as pessoas admiram!"

  • Divulgação/HBO

    Danaerys Tragaryen ("Game of Thrones")

    "Ela tem muitos paralelos com a Cersei. Mas Danaerys tem uma consciência, inclusive ela tem que ser lembrada dela algumas vezes. Ela está tão focada em fazer a coisa certa que ela chega ao ponto de dizer 'destrua aquela cidade', aí alguém vem e fala: 'ei, isso não está certo'. Mas ela se importa com as outras pessoas, e isso desperta simpatia. Além disso, tem o processo de crescimento da personagem, em que ela descobre uma força que ela desconhecia. Cersei sempre soube que era forte. Fazer algo com aquela força sempre foi seu desafio."

  • Reprodução

    Little Finger e Varys ("Game of Thrones")

    "Ele tem um senso de pragmatismo sobre o que precisa ser feito. Ele adora manipular. Curte jogar com isso. Muitos fãs especulam que 'Game of Thrones' pode ser analisada como um grande jogo entre Little Finger e Lord Varys… Tipo: quem é o mais manipulador?" "Varys, apesar das semelhanças com Little Finger, tem gente que ele gosta, com quem ele se importa. E ele tem valores e uma certa ética. Com Little Finger você nunca sabe de quem ele gosta, exceto ele mesmo. Quando ele dizia que amava a Caitlyn Stark ou quando diz que ama a Sansa, é mais uma obsessão por tê-las como um prêmio. Ele não se importa sobre como elas se sentem. Varys realmente gosta de Tyrion. Little Finger gosta de Little Finger."

  • Divulgação/Lucasfilm

    Darth Vader ("Star Wars")

    "Primeiramente começa com o design daquele figurino. É legal pra caramba! Se aquela roupa não fosse tão legal, talvez não fôssemos tão fascinados por ele. No primeiro filme, ele nem é o mais malvadão. Ele circula por ali, tem uma treta com o Obi-Wan Kenobi, mas aparece em poucas cenas. O que intriga é o que tem ali embaixo daquela roupa. E ele tem um certo de humor. A maioria daqueles personagens do Império não parece ter senso de humor. Ele faz uma piadinhas, como 'desculpas aceitas', mas ele faz piadas para ele mesmo. Ele é frustrado, quer que as coisas sigam uma ordem, e você se identifica com aquilo. E depois quando se vê uma luz em todo seu lado negro, o público se emociona, pois sempre quer achar o lado bom do bad boy."

  • Reproduçao/Fox

    Negan ("The Walking Dead")

    "Ele é poderoso, forte… Ele torna a história interessante. Ele é carismático, assertivo, tem um enorme senso de humor, faz piadas o tempo todo. Ele se importa com a reação das pessoas. E fica extremamente desapontado quando elas não reagem conforme esperado. Ele é genuinamente interessado em outras pessoas. E ele faz o que ele acha que é certo e que o mundo precisa. E nas HQs ele chega ao ponto de concluir por ele mesmo que seu ego está super-inflado. Ele tem essa capacidade. O Governador, por exemplo, nunca teve essa capacidade."

  • Reprodução

    Mística ("X-Men")

    "Tem algo a ver com a Cersei também. Mas tem algo sobre ela que todo mundo se identifica: que é estar em grupo onde as pessoas não gostam de você. Tem também quando ela fala que tinha medo de ir para a escola por causa dos humanos. Isso pega também, especialmente quando se fala da infância. Mas ela consegue usar seus poderes para chegar aonde quer, a despeito de todos os malas que cruzaram seu caminho. Mas o lance principal com ela é se sentir excluída do grupo. Todo mundo tem esses momentos, outras pessoas vivem a vida toda assim, como um peixe fora d'água."

  • Divulgação/Empire

    Magneto ("X-Men")

    "Ele autenticamente se preocupa com um ressurgimento do fascismo, que acaba se tornando real quando se chega à história dos sentinelas. Muita gente acha que ele está certo, porque acha que as ações do professor Xavier não dão resultado. Mas a paz a longo prazo pode sim requerer paciência e tempo. E as pessoas crescem e mudam. Vejam os conflitos raciais dos anos 1960 e a luta de Martin Luther King Jr, com um ponto de vista, e Malcolm X, com outro. Não à toa o professor X é associado a MLK, em termos de sua motivação e sua vontade de viver em paz com outras raças."

  • Reprodução/HBO

    Jon Snow ("Game of Thrones")

    "Ele é o herói! Eu não acho ele chato como alguns acham. Veja só: muita gente fala dos vilões sendo interessantes, mas quando aparece um cara como o Jon Snow, que está fazendo a coisa certa, chamam de chato. Ele reúne as melhores qualidades que uma pessoa pode ter. Em psicologia a gente se interessa pelo 'anormal', mas esquecemos de olhar para o que é saudável! Jon Snow incorpora o que é saudável nas pessoas. Por isso que é difícil para mim aceitar que as pessoas digam que ele não é interessante. Sua determinação em fazer a coisa certa, mesmo errando -- e sofrendo com isso -- e nunca por razões pessoais, nunca movido por ego é incrível!"

  • Divulgação/HBO

    Arya Stark ("Game of Thrones")

    "Ela é minha personagem favorita! Ela é a personagem que desde muito cedo olha para a realidade e diz: 'Ah, é isso que reservaram para as mulheres? Não quero isso para mim!' Ela decide que, apesar de todo o bem-estar que lhe é oferecido, não é algo que ela almeja para si. E ela decide que quer aprender a lutar. E está sozinha, destituída de tudo, no meio do nada. Ela abre seu caminho, desenvolve suas habilidades, enfrenta um deus de mil faces e vai em busca de sua vingança. Adoro a primeira cena desta nova temporada! Ela define a si mesma. Ninguém diz quem ela vai ser, inclusive ao usar as máscaras humanas, a cada momento ela se redefine. Mas mesmo a vingança dela não é linear, é só para quem merece. Se no meio do trajeto ela considera que matar aquela pessoa não é justo, ela tira da lista. Como ela fez com o Clegane."