Destaques da literatura nacional para 2017 têm Hilda Hilst, Ferréz e Alberto Mussa

Hilda Hilst.

"A história se dá fundamentalmente na região do Catumbi, na época, 1854, um bairro de grandes chácaras, propriedades de pessoas abastadas. Numa dessas chácaras (situada entre o cemitério e a cadeia, que viria a se tornar o presídio Frei Caneca, já demolido) ocorre um crime misterioso. A vítima é filha de um militar e a investigação é realizada por um primo bastardo da moça, que atuava como 'agente secreto' (na época, 1/3 do orçamento da polícia da corte era empregado na contratação de agentes secretos). Esse agente era, como outros eram, um capoeira. À medida que a narrativa avança, cada vez mais o agente chega à conclusão de que o crime foi cometido por alguém de dentro da chácara. E aí eu vou explorando o universo dos capoeiras do Rio de Janeiro, com suas maltas, suas rivalidades, a disputa de poder interna na senzala da chácara, a diversidade étnica dos escravos e os conflitos que daí decorriam".

É assim que Alberto Mussa explica como será "A Hipótese Humana", quarto volume de sua badalada série de romances policiais históricos que se passam no Rio de Janeiro – cada um deles cobre um século diferente da história da cidade. O título, que sairá pela Record, é um dos destaques dos lançamentos de literatura nacional previstos para este ano.

A mesma casa promete ainda publicar ao menos outros seis títulos de escritores brasileiros: os romances "Anita", de Thales Guaracy, e "Assim na Terra Como Embaixo da Terra", de Ana Paula Maia, as reuniões de contos "Ferrugem", de Marcelo Moutinho, "Olhos de Carvão", de Afonso Borges, e "O Tremor da Terra", de Luiz Vilela – este uma reedição que comemora os 50 anos do título -, e o volume de poemas "Ladainha", de Bruna Beber.

Reedição prevista que chama bastante atenção é a de "Capão Pecado", de Ferréz, que sairá agora pelo prestigiado selo Tusquets. Um dos exponentes da literatura marginal nacional, o título completa 16 anos e, junto com a nova roupagem, ganhará um texto de apresentação inédito escrito pelo próprio autor.

A Companhia das Letras, por sua vez, tem na sua lista de lançamentos para 2017 livros de Joca Reiners Terron ("Noite Dentro da Noite") e Hilda Hilst ("De Poesia"). A Alfaguara investirá em três títulos de João Anzanello Carrascoza: "Menina Escrevendo com o Pai", "A Pela da Terra" e o incensado "Caderno de um Ausente", anteriormente publicado pela extinta Cosac Naify. Já a Globo apostará em "O Primeiro e o Último Verão", de Letícia Wierzchowski, autora de "A Casa das Sete Mulheres".

Apostas das pequenas editoras

Diversas pequenas editoras espalhadas pelo país também investirão em escritores nacionais ao longo de 2017. O selo Encrenca, por exemplo, começará a Coleção Osório, focada em autores paranaense inéditos ou fora de catálogo, cujo título inaugural será "A Nova Holanda", de Sérgio Rubens Sossélla.

Dentre os destaques da Reformatório, casa que levou o Prêmio São Paulo de Literatura para autores estreantes com mais de 40 anos por conta de "A Imensidão Íntima dos Carneiros", de Marcelo Maluf, estão os romances "Oito do Sete", de Cristina Judar, "Ninguém me Ensinou a Morrer", de Mike Sullivan, e "Escalpo", de Ronaldo Bressane.
O gênero também será contemplado pela Confraria do Vento com títulos como "Guardem as Cinzas", de Andrea Ferraz, "Depois do Fim", de Sérgio Bivar, e "À Sombra do Pai", de Wellington de Melo, autor do engenhoso "Estrangeiro no Labirinto".

A Penalux, por sua vez, apostará no trabalho feito pela dupla Eltânia André e Ronaldo Cagiano, que assinam o romance "Diolindas". Pela mesma editora ainda sairá "Gravidade Zero", volume de poesias de Alexandre Guarnieri, vencedor do Jabuti de 2015 com "Corpo de Festim". A Arte & Letra lançará a coletânea de contos "A Peça Intocada", de Luci Collin. A Faro Editorial publicará "A Era dos Mortos", último livro da saga "As Crônicas dos Mortos", de Rodrigo de Oliveira. E a Nós, enfim, terá novidades de Paulo Lins ("Conto de Dois Grandes Amores"), Marcia Tiburi ("Projeto para Psicomapeamento de Hamlet"), Thiago Camelo ("Descalço nos Trópicos Sobre Pedras Portuguesas"), Micheliny Verunschk ("Lições de Vertigem") e Cintia Moscovich ("Baleia Assassina"), todos com nomes ainda provisórios.

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