Prêmio Oceanos de Literatura vai para o português José Luís Peixoto
O romance "Galveias", do português José Luís Peixoto, é o vencedor da edição de 2016 do Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa. O anúncio aconteceu há pouco em uma cerimônia realizada no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. O segundo lugar ficou com o romance "A Resistência", do paulista Julián Fuks, o terceiro foi para "O Livro das Semelhanças", volume de poemas da mineira Ana Martins Marques, e o quarto para a coletânea de contos "Maracanazo", do carioca Arthur Dapieve.
Peixoto, 42 anos, extraiu o título de seu livro, que trata de um Portugal rural e arcaico, do lugar onde nasceu, na região do Alentejo. A narrativa de "Galveias" parte da queda de um meteorito que muda a realidade de uma comunidade. Disso, o autor tece uma trama na qual mistura lembranças de sua infância com histórias que mostram a tensão entre antigas tradições locais e a chegada da modernidade no início dos anos 80, quando o país vivia um momento economicamente delicado.
Apesar de não ter ficado com o lugar mais alto do pódio, a "prata" para Julián Fuks coloca definitivamente "A Resistência" como um dos livros incontornáveis de 2015. A história que gira em torno de um irmão adotivo do narrador que poderia ser filho de desaparecidos políticos durante a ditadura na Argentina já havia levado os Jabutis de Romance e Melhor Livro do Ano de Ficção e sido finalista do Prêmio São Paulo de Literatura
"O Livro das Semelhanças", por sua vez, apresenta experiências poéticas e busca jogar luz sobre temas cotidianos de maneira bastante sutil. Já "Maracanazo" reúne cinco contos, sendo que o mais longo deles é justamente o que dá nome ao volume. Diferente do que o título pode sugerir ao leitor, a narrativa não tem nada a ver com a final da Copa de 1950, quando o Brasil perdeu o Mundial para o Uruguai no Maracanã, mas se passa a partir do jogo entre Chile e Espanha na Copa de 2014. Na ocasião, a seleção espanhola, então campeã do mundo, deixou o estádio carioca eliminada – veja aqui uma matéria que fiz sobre o livro.
Os outros finalistas
Entre os dez finalistas ainda havia três livros de poesia ("Escuta", de Eucanaã Ferraz, "Manual de Flutuação para Amadores", de Marcos Siscar, e "Sermões", de Nuno Ramos), um romance ("Uma Menina Está Perdida no seu Século à Procura do Pai", do português Gonçalo M. Tavares), um de memórias ("Ainda Estou Aqui", de Marcelo Rubens Paiva) e um de contos: "Jeito de Matar Lagartas", de Antonio Carlos Viana, sergipano que morreu em outubro, aos 72 anos, e foi homenageado na cerimônia.
Promovido e organizado pelo Itaú Cultural, o grande vencedor do Oceanos leva R$100 mil, o segundo colocado, R$60 mil, o terceiro, R$40 mil e o quarto, R$30 mil. Com curadoria de Selma Caetano e Manual da Costa Pinto, o prêmio contou com 740 livros inscritos. O Júri Final foi formado pela professora e ensaísta Beatriz Resende, pelos poetas Heitor Ferraz Mello e Sérgio Alcides e pelos escritores José Castello, Rodrigo Lacerda e Cristovão Tezza.
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