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Ricardo Feltrin

Entenda em apenas um texto (quase) tudo sobre a guerra Simba x operadoras

Pode gritar: Assinante de TV paga é o maior prejudicado na guerra entre a joint-venture Simba e as operadoras  - Getty Images/iStockphoto
Pode gritar: Assinante de TV paga é o maior prejudicado na guerra entre a joint-venture Simba e as operadoras
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Colunista do UOL

27/04/2017 07h01Atualizada em 27/04/2017 14h13

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Nos últimos meses, três canais abertos cortaram seus sinais das maiores operadoras no Distrito Federal e Grande São Paulo.

A ORIGEM

O motivo da briga é um impasse financeiro: Record, SBT e RedeTV! querem receber alguma remuneração por seus sinais digitais, que entram nos pacotes da TV paga. Durante a era analógica, as operadoras podiam distribuir esses canais gratuitamente.

Com a era digital, porém, os canais passaram a ter direito de cobrar por seus sinais. As operadoras não querem pagar. Representadas pela empresa Simba, as três TVs dizem que as operadoras nunca reclamaram de remunerar Globo e Band, e querem isonomia no tratamento.

As operadoras por sua vez rebatem com o argumento que os sinais de Globo e Band são apenas dois entre muitos outros que essas empresas cedem para os seus valiosos pacotes (no caso da Globo, quase 50 canais pagos)

AS VERSÕES

Desde o último dia 29, quando os sinais da Simba foram cortados, os dois lados vêm divulgando (anonimamente) informações parciais sobre, supostamente, em que pé estão as negociações.

Enquanto fontes (sempre sob anonimato) do lado da Simba garantem que a negociação está “quase fechada com a Vivo”, e que as operadoras “sabem que vão ter de pagar”, o outro lado desmente.

A ABTA e executivos das operadoras envolvidas, como o presidente da America Móvil (Claro Net), garantem que não vão pagar nada pelos sinais abertos, embora não descartem alguma remuneração caso a Simba ofereça novos canais por assinatura.

A Simba, por sua vez já acena com a possiblildade de lançar três novos canais, conforme esta coluna antecipou anteontem.

NEGÓCIO BILIONÁRIO

Vários supostos valores foram ventilados na imprensa a respeito de quanto os canais da Simba querem de fato receber.

Há estimativas que vão desde R$ 3 bilhões anuais até alguma coisa na casa de R$ 1,00 para Record, R$ 1,00 para SBT, e R$ 0,30 para a RedeTV" por assinante brasileiro. E isso não é pouco.

Afinal, são 18 milhões de assinaturas de TV. Isso representaria cerca de R$ 400 milhões anuais para SBT e Record, e uns R$ 90 milhões para a RedeTV!, mas as operadoras não querem nem conversa se a negociação for pelos sinais abertos. Estão abertas a negociar porém se surgirem novos canais fechados produzidos pela Simba Content.

A Simba, por meio de envolvidos como Marcelo de Carvalho (vice da RedeTV!), afirma categoricamente que as operadoras têm “gordura suficiente” para remunerar os três canais sem repassar ao assinante.

Já a ABTA, entidade patronal, afirma que o momento econômico não permite nem que as operadoras percam receita pura e simples, e nem que elas cobrem do assinante que já enfrenta uma grave crise econômica e desemprego no país. Nos últimos dois anos a TV paga no Brasil perdeu mais de 1 milhão de assinantes.

A verdade é que as operadoras faturam só com TV por assinatura no Brasil algo entre R$ 25 bilhões e R$ 28 bilhões anuais. Mas daí a aceitarem bovinamente perder receita líquida por causa da demanda de terceiros, há uma distância imensa. No momento, instransponível.

Estima-se que somente a Globosat receba hoje de R$ 2,3 bilhões a até R$ 3 bilhões das operadoras do país como remuneração por seus canais. A Globosat nega esse valor.

No entanto isso não é algo que ocorreu por acaso. Ao contrário dos canais da Simba, que ignoraram a TV por assinatura nos últimos 25 anos, o Grupo Globo investiu pesado no setor. A Band também, na medida do possível.

O QUE O GOVERNO DIZ

Por enquanto, o governo não diz nada e também não age como mediador.

E OS ASSINANTES?

A Anatel vai decidir nos próximos dias se os assinantes terão direito a um desconto nas mensalidades porque perderam os três canais abertos.

A ABTA defende que, pela legislação em vigor  (lei 12.485-2011), os canais abertos não fazem parte dos pacotes e que, portanto, não cabe desconto nas mensalidades. Só se as operadoras tivessem cortado canais pagos.

A Simba rebate que as operadoras  sempre fizeram publicidade e anunciaram seus pacotes ao consumidor  incluindo os três canais abertos agora “proscritos”. E se eles estavam sendo anunciados, é porque têm valor e elas precisam pagar.

A Anatel decidirá essa questão nos próximos “capítulos” da novela Simba x operadoras.

@feltrinoficial