Italianas arrecadam mais de R$ 4 milhões e escrevem livro infantil sobre mulheres revolucionárias; duas brasileiras estão na obra

Quando as italianas Elena Favilli, jornalista, e Francesca Cavallo, escritora e diretora teatral, resolveram apostar no financiamento coletivo para colocar uma ideia em prática, não imaginavam o tamanho do retorno que teriam. Mais de 20 mil pessoas de 70 países gostaram do projeto que propunha um livro infantil sobre mulheres de todo o mundo que são ícones nas áreas que atuam e o resultado foi a arrecadação de quase US$ 1,3 milhão (pouco mais de R$ 4 milhões na cotação de hoje), maior cifra já angariada por vaquinhas do tipo para livros.

O resultado de todo o movimento saiu em 2016 na Itália e chegou este ano ao Brasil pela V&R Editoras: "Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes: 100 Fábulas sobre Mulheres Extraordinárias", que, além de textos sobre as personalidades, também conta com ilustrações assinadas por mais de 60 desenhistas de diferentes países. Estão no livro figuras conhecidas do público, como a pintora Frida Kahlo, a ex-primeira dama dos Estados Unidos Michelle Obama e a ginasta medalhista olímpica Simone Biles. Mas também há espaço para nomes menos badalados, como a maestra Xian Zhang, a pirata Grace O'Malley e Matilde Montoya, primeira médica mexicana e a responsável pela mudança da lei no país que permitiu que mulheres cursassem medicina.

"É importante que as garotas entendam os obstáculos que terão de enfrentar, assim como é importante que elas saibam que esses empecilhos não são insuperáveis, e que elas não apenas podem encontrar um jeito de vencê-los como também podem removê-los para aquelas que virão depois. Do mesmo modo como fizeram as grandes mulheres retratadas aqui", registram as autoras no prefácio.

E dentre essas grandes mulheres selecionadas por Elena e Francesca há duas brasileiras: a escritora Cora Coralina e a surfista Maya Gabeira. "Quando estava com sessenta anos, se mudou para a casa na ponte. Decidiu que era hora de começar sua carreira como poetisa. Cora ainda precisava de dinheiro, então assava bolos para vender junto com seus poemas na porta da sua casa", escrevem sobre a primeira.

Já a respeito da surfista, lembram do acidente que ela teve no mar lusitano, quando uma onda gigante quase lhe mata, para depois constatarem: "A maioria das pessoas ficaria com medo de voltar para a água ou talvez até pensasse em mudar de carreira. Não a Maya. Assim que se recuperou, Maya voltou para a mesma praia em Portugal".

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