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Como surgiram as expressões “Custar os olhos da cara” e “Fazer uma vaquinha”?

Rodrigo Casarin

29/07/2017 14h41

Fotos: Charles Trigueiro/ Divulgação EDP.

"Custar os olhos da cara", "Pôr a mão no fogo", "Fazer uma vaquinha". Essas são expressões comumente usadas em nosso cotidiano, mas você sabe como elas surgiram? A resposta está em um caminhão estacionado em Paraty que abriga parte do acervo do Museu da Língua Portuguesa, em restauro após o incêndio que o destruiu no final de 2015.

Na exposição "Energia da Língua Portuguesa", por onde já passaram mais de 1400 pessoas desde quarta-feira e que ficará na cidade durante a Flip, o visitante também se diverte com atrações como um gerador de sotaques e um jogo no qual precisa acertar a grafia de certas palavras para que ganhe um livro. Sim, como disse, as explicações para as expressões também estão lá:

Custar os olhos da cara: "Em um conflito em nome do império, o conquistador espanhol Diego de Almagro perdeu um de seus olhos. No retorno à Espanha, comentou com o imperador Carlos I que a defesa dos interesses da Coroa Espanhola lhe custou um olho da cara. Até hoje dizemos que algo 'custa os olhos da cara' quando consideramos seu preço abusivo.

Pôr a mão no fogo: "Durante a Idade Média, o Tribunal da Inquisição amarrava uma tocha inflamável em uma pessoa que fosse acusada de heresia. O Tribunal supunha que alguém que estivesse sob proteção divina não queimaria, enquanto um herege arderia na fogueira. Até hoje, quando confiamos cegamente em alguma pessoa, costumamos dizer que podemos 'pôr a mão no fogo' por ela".

Fazer uma vaquinha: "Na década de 1920, a torcida do Vasco da Gama criou uma nova forma de incentivar os jogadores a ganhar as partidas. Em caso de vitória, os atletas ganhariam 10 mil réis (ou um 'coelho' no jogo do bicho). Mas caso a vitória fosse grande, o prêmio seria de 25 mil réis, ou o correspondente a uma 'vaca'. Daí nasceu a expressão 'Fazer uma vaquinha'.

O caminhão com a exposição já esteve na capital paulista e ainda passará por outras cidades do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo.

Restauro do museu

Segundo os responsáveis pelo restauro do Museu da Língua Portuguesa, as obras estão dentro do cronograma e o espaço deverá ser reaberto ao público em 2019. Os visitantes encontrarão um ambiente um pouco diferente do original, inaugurado em 2006: certos espaços serão repaginados e outros, como a parede na qual vídeos eram projetados, serão deslocados para áreas específicas. A ideia, no entanto, é que cerca de 80% do Museu permaneça igual. As obras estão orçadas em R$65 milhões.

"Por mais que o momento do Brasil não seja bom, a perspectiva é sempre positiva. É um país rico em todos os aspectos, que jamais passa desapercebido no aspecto global", diz Miguel Setas, presidente da EDP Brasil, principal patrocinadora do restauro, sobre o movimento que a empresa vem fazendo em um momento de severa crise econômica e política. É a crença de que tempos melhores virão que fazem com que se comprometam a investir R$20 milhões no projeto por meio de leis de incentivo fiscal nos próximos três anos.

Viajei a Paraty a convite da EDP Brasil.

Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.