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Conheça o brasileiro que se especializou em fotografar onças-pintadas

Rodrigo Casarin

21/06/2017 09h17

A primeira vez que Araquém Alcântara fotografou uma onça-pintada foi em 1979, na Amazônia. O garçom do restaurante do hotel onde estava hospedado que disse ao fotógrafo que um daqueles animais estava perambulando pelos arredores de sua casa. O profissional pegou seu equipamento, foi conferir e encontrou a onça brincando, mordiscando um galho no meio do igarapé. Depois disso, Araquém, hoje com 66 anos e um dos fotógrafos de natureza mais importantes do mundo, jamais deixou de perseguir com suas câmeras e lentes o imponente felino que corre sério risco de ser extinto.

"Para mim, a onça representa algo mítico, é o animal mais poderoso das Américas, que não tem predador, que tem uma determinação incrível para caçar, que é nadador e tem um salto que pode chegar a 8 metros de altura. Além disso, sua beleza é extraordinária. Por conta disso tudo, acho que todo fotógrafo de natureza sonha em fazer uma boa foto de onça", diz Araquém em entrevista ao blog.

Para reunir as onças que clicou ao longo da carreira que o profissional publicará "Jaguaretê" – palavra utilizada por certas etnias indígenas para se referir à onça -, um livro que reunirá 50 imagens feitas entre 1979 e 2017, incluindo algumas fotos inéditas. Financiado coletivamente, a edição, destinada a colecionadores, terá somente 400 exemplares, todos eles numerados e assinados. "Só agora me sinto pronto para homenagear esse animal que nos encanta e que está criticamente ameaçado. O livro é um alerta, espero que sirva como uma ponte para a conscientização das pessoas".

"O fotógrafo de natureza vive à espreita"

O fotógrafo também lembra que registrar uma boa imagem de onça é algo extremamente difícil. "Requer uma logística especial, precisa de lugares onde seja possível observar a onça com o auxílio de mateiros, sertanejos ou pescadores que já a avistaram anteriormente. Fico camuflado, esperando que ela passe, ou circulo acompanhado de alguém que conheça a região e os hábitos do animal. Como um caçador, o fotógrafo de natureza vive à espreita".

Mesmo com toda a preocupação, Araquém já viveu algumas situações de risco, como na vez que uma onça apareceu diante de si em um horário completamente improvável – esses animais preferem circular por aí antes do sol surgir ou após ele se pôr, conta. "O último encontro que tive com uma onça no chão, no mato, aconteceu às 9h da manhã em uma fazenda no Pantanal, já perto da divisa com a Bolívia. Mesmo tendo experiência, estava desprotegido. Saí só com a câmera para fotografar algumas aves e acabei deixando o carro longe, o que não se deve fazer, assim como não se deve entrar no mato sozinho. Não se deve fotografar onça sem ter gente especializada ao lado".

Se vale o risco? Veja outras imagens feitas por Araquém e tire sua conclusão:

Sobre o autor

Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.

Sobre o blog

O blog Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.