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A tecnologia que facilitou sua vida, mas estragou seus filmes preferidos

Do UOL, em São Paulo

12/01/2018 04h00

Em geral, a gente pensa na tecnologia como algo que veio pra facilitar a nossa vida, gastar menos tempo com tarefas chatas ou nos conectar com pessoas que estão longe. Mas tem um outro lado desses avanços que pode ser bem chato: eles acabariam com as histórias de vários dos nossos filmes preferidos.

Sim, se celulares e redes sociais já tivessem sido inventados na época de “Esqueceram de Mim” ou “Psicose”, tudo seria diferente --e não teria trama pra encher nem duas páginas de roteiro.

Dúvida? Então confere aqui embaixo.

  • Divulgação

    Central do Brasil (1998)

    Dora (Fernanda Montenegro) dificilmente conseguiria ganhar a vida escrevendo cartas para pessoas analfabetas --no máximo poderia oferecer seus serviços para escrever mensagens de Whatsapp, mas como a taxa de analfabetismo caiu de cerca de 13% para 8% desde aquela época, mesmo isso seria difícil. E com o Facebook, não seria muito difícil para a mãe de Josué (Vinicius de Oliveira) localizar e entrar em contato com o pai do garoto. Mesmo nos lugares mais isolados das capitais, teria sempre alguém com perfil na rede social que poderia ajudar a fazer a ponte.

  • Reprodução

    O Chamado (2002)

    Quatro adolescentes encontram uma fita VHS, olham aquele objeto esquisito, perguntam para a mãe de uma delas o que é, descobrem que um dia ele foi usado para ver filmes, mas que atualmente ninguém mais tem um videocassete em casa, e resolvem jogar na lata de lixo reciclável. Fim. Samara nunca mataria ninguém hoje em dia, mesmo se resolvesse deixar seu espectro em um DVD --ele provavelmente estaria riscado demais para funcionar.

  • Reprodução

    Clube dos Cinco (1985)

    Claire (Molly Ringwald), Andrew (Emilio Estevez), Brian (Anthony Michael Hall), Allison (Ally Sheedy) e John (Judd Nelson) jamais teriam se tornado amigos e trocado confidências que mudariam a forma como viam uns aos outros e a si mesmos. Eles passariam as oito horas da detenção com as caras enfiadas em seus smartphones, conversando no Whatsapp com os amigos que estavam em casa, fazendo stories no Instagram ou assistindo vídeos no YouTube, e sairiam dali sem terem trocado nenhuma palavra.

  • Reprodução

    Curtindo a Vida Adoidado (1986)

    Ferris Bueller (Matthew Broderick) teria uma missão bem difícil para matar aula hoje em dia. Em primeiro lugar, sua irmã, Jeannie (Jennifer Grey), já desconfiada, poderia muito bem ativar o rastreador GPS do celular dele, e a farsa cairia por terra. Mesmo que ela não fizesse isso, quando Ferris invadisse um desfile e cantasse Beatles no meio da rua, milhares de smartphones seriam imediatamente apontados para ele, e a chances do diretor Rooney (Jeffrey Jones) identificá-lo nos stories ou snapchats de alguém seriam altíssimas.

  • Divulgação

    Um Dia de Fúria (1993)

    O dia de William Foster (Michael Douglas) seria bem menos furioso com uma ajudinha da tecnologia. Mesmo frustrado com a demissão, o divórcio e a distância da filha, ele usaria o Waze para encontrar o melhor caminho para atravessar Los Angeles e chegar ao aniversário da menina sem ficar preso em um congestionamento monstruoso. Se mesmo assim ele errasse o caminho e decidisse abandonar o carro depois de o ar-condicionado quebrar, poderia muito bem chamar um Uber Black, ligar para a ex-mulher de seu celular e continuar a jornada no conforto do banco de trás, sem encontros com gangues e tiros em orelhões pelo caminho.

  • Divulgação/20th Century Fox

    Esqueceram de Mim (1990)

    "Alô, mãe? Vocês me esqueceram em casa!". Fim! OK, não seria bem assim, pois já estão todos voando para Paris quando Kevin (Macaulay Culkin) acorda e dá de cara com a casa vazia. Ainda assim, mesmo que as linhas de telefone estivessem cortadas, ele usaria seu celular para mandar um Whatsapp para a mãe, que a esta altura já teria comprado o pacote de internet do avião e também estaria tentando entrar em contato com o filho. A polícia apareceria logo em seguida e provavelmente o levaria até um vizinho ou amigo da família. Fim. (P.S.: "Esqueceram de Mim 2", esse sim não teria trama, porque hoje em dia ninguém entra em um avião sem ter sua identidade checada e rechecada).

  • Divulgação

    Um Lugar Chamado Notting Hill (1999)

    Will (Hugh Grant) ia precisar encontrar uma nova ocupação. Afinal, uma livraria especializada em publicações de viagem teria muita dificuldade em se manter de pé hoje em dia, quando existem centenas de aplicativos para planejar as próximas férias, com a vantagem de ainda terem mapas com GPS. Passeando pelo bairro londrino, seria muito mais fácil a estrela Anna Scott (Julia Roberts) acabar entrando em uma cafeteria gourmet e conhecer um hipster barbudo que se veste como um lenhador.

  • AP Photo/American Film Institute

    Psicose (1960)

    Depois de fugir com o dinheiro do escritório onde trabalhava, Marion (Janet Leigh) usaria seu iPhone para procurar no TripAdvisor ou Booking.com algum lugar para passar a noite. Depois de ler uma avaliação sobre o Bates Motel dizendo "meio caído e decadente, quartos imundos, dono muito esquisito, e não tem wi-fi", ela continuaria dirigindo mais alguns minutos para fazer check-in em um lugar mais bem avaliado.

  • Divulgação

    Sintonia de Amor (1993)

    Os caminhos de Sam (Tom Hanks) e Annie (Meg Ryan) jamais se cruzariam hoje em dia. Para tentar arranjar uma namorada para seu solitário e viúvo pai, seria muito mais fácil o garoto Jonah (Ross Malinger) criar um perfil para Sam no Tinder, contando sobre como ele sentia falta de sua finada esposa. A história triste teria potencial para atrair as solteiras de Seattle, mas Annie, em Baltimore, estaria muito longe para entrar no raio de alcance do aplicativo de namoro, e seguiria sua vida com o noivo sem graça, Walter (Bill Pullman).

  • Divulgação

    O Talentoso Mr. Ripley (1999)

    Se a história de Tom Ripley (Matt Damon) se passasse hoje em vez de nos anos 1950, pra começo de conversa, o pai de Dickie (Jude Law) não ia abordar um desconhecido em uma festa por achar que ele estudou com seu filho --ia procurar os amigos de Dickie pelo Facebook. Mas se mesmo assim ele cometesse esse erro, ia ser bem mais difícil para Ripley se passar por Dickie: ele teria que dar fim a todos os traços do "amigo" nas redes sociais, ou então as pessoas logo iam perceber que o sujeito na sua frente não tinha nada a ver com as fotos nas praias do sul da Itália ou das noitadas em Roma, publicadas no Instagram. Fora que ele precisaria de mais do que assinaturas falsificadas para movimentar o dinheiro de Dickie, já que muitos bancos hoje adotam o uso de reconhecimento de digitais e outras tecnologias mais seguras.

  • Reprodução/YouTube

    Taxi Driver (1976)

    A vida de Travis Bickle (Robert de Niro) seria um pouco mais complicada na época do Uber e dos aplicativos de transporte, quando quase ninguém mais pega um táxi na rua. Pra começo de conversa, se ele não controlasse seu temperamento explosivo, logo seria expulso do Uber --e estaria na berlinda mesmo nos outros aplicativos, porque ninguém ia querer pegar um motorista com a avaliação muito baixa. Se mesmo assim ele conseguisse ganhar a vida dirigindo, é certeza que não poderia voltar para o Uber depois de matar um cafetão, um traficante e um leão de chácara --a empresa faz checagem de antecedentes criminais em seus motoristas.

  • Divulgação

    Titanic (1997)

    Os riscos de encontrar um iceberg pela frente são bem maiores hoje em dia, com o aquecimento global, mas existem inúmeros satélites monitorando essas montanhas de gelo, e todos os navios são equipados com radares poderosos. O aparelho começaria a apitar, o capitão do RMS Titanic apertaria alguns botões para mudar as coordenadas da rota, Jack (Leonardo DiCaprio) e Rose (Kate Winslet) viveriam felizes para sempre e não teríamos o clássico de Céline Dion embalando três horas de drama. Fim.