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Oscar 2017: “Toni Erdmann” e “Ove” abordam formas opostas de encarar a velhice

Nilson Xavier

20/02/2017 00h20

Peter Simonischek (Toni Erdmann) / Rolf Lassgard (Ove) ( Foto: divulgação)

Os dois filmes concorrem à categoria Filme Estrangeiro. Nos dois, os protagonistas são senhores idosos e a velhice é um tema. O curioso é que Winfried, o protagonista do austro-alemão "Toni Erdmann" (vivido por Peter Simonischek) tem uma maneira de encarar a velhice completamente oposta à de Ove (Rolf Lassgard) no sueco "Um Homem Chamado Ove".

Winfried é um homem completamente despojado das convenções sociais, uma espécie de clown que adora pregar peças e brincar com as pessoas. O Toni Erdmann do título é um personagem que ele criou, com peruca e dentadura postiça. Por esse motivo, ele é visto como inconveniente pela filha certinha e amargurada, vivida por Sandra Huller, que se vê obrigada a pajear o pai durante uma semana muito importante profissionalmente para ela.

"Toni Erdmann" é um filme longo, 2h40min, e muita coisa acontece durante o período em que pai e filha convivem. Winfried a faz ir ao inferno para reaprender a viver e rever os seus valores. Uma comédia dramática do tipo "para refletir". É um filme bem produzido, arranca algumas gargalhadas e tem umas soluções muito criativas no roteiro, que dá muitas reviravoltas, o seu maior mérito. 4 estrelas.

Ove de "Um Homem Chamado Ove" é o oposto de Winfried. É um velho rabugento, insociável, extremamente metódico, que idolatra a imagem da falecida esposa. Quando é demitido da empresa em que trabalhou por mais de quarenta anos, ele tenta se matar, de diversas maneiras, mas nunca com sucesso. É em seu mau-humor que reside a maior graça do filme. As cenas em que ele implica grosseiramente com os vizinhos são hilárias.

Ove é um live-action de "Meu Malvado Favorito" e isso fica claro à medida que o filme avança, quando o protagonista é obrigado a lidar com os novos vizinhos, uma "família feliz",  um sueco casado com uma iraniana simpática e duas filhas pequenas. O filme tem um produção caprichada, principalmente nas cenas de época, que narram o passado de Ove e sua esposa. É uma comédia dramática não tão original quanto "Toni Erdmann", mas com mais apelo, dramaticamente falando. Eu gostei mais de "Um Homem Chamado Ove", me emocionou de verdade. 5 estrelas.

"Um Homem Chamado Ove" 2 indicações: filme estrangeiro e maquiagem e cabelo (o ator Rolf Lassgard passa por uma transformação para viver o protagonista).

"Toni Erdmann" 1 indicação: filme estrangeiro.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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