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Grupo que jogou chapéu para Axl no Rock in Rio quer show do Guns no NE

Axl Rose usa chapéu lançado pelo grupo de amigos de Fortaleza no Rock in Rio - Reprodução
Axl Rose usa chapéu lançado pelo grupo de amigos de Fortaleza no Rock in Rio Imagem: Reprodução

Renata Nogueira

Do UOL, em São Paulo

26/09/2017 17h07

Se você esteve no Rock in Rio no sábado (23) ou ficou acordado de madrugada vendo o show do Guns N’ Roses pela TV, reparou que Axl Rose usou um acessório bem diferente ao se despedir do público. O chapéu de cangaceiro foi presente de um grupo de fãs de Fortaleza que lidera uma campanha para que a banda volte para lá depois da primeira e única passagem deles pela capital cearense, em 2014.

O responsável pela mira certeira nos pés de Axl Rose foi o cearense Herbet Pereira, 21, que inclusive participa de uma banda cover do Guns que se apresenta em bares de Fortaleza. “Durante o show, ele olhava pra gente com o chapéu e ficava observando. O Duff também. Ele (Axl) estava esperando aquilo. Achei melhor jogar só no final. Se eu jogasse no início o Axl poderia achar ruim, já que ele tem um temperamento de lua”, conta o fã, mostrando que conhece o histórico do ídolo. “Consegui ter forças para jogar nos pés dele. O momento em que ele pegou foi absolutamente foda. O chapéu foi das minhas mãos para as dele”, comemora o jovem.

Fredy Sampaio já presenteou Axl Rose com um chapéu de cangaceiro no RiR e agora, em São Paulo, o alvo é Duff McKagan - Mariana Pekin/UOL - Mariana Pekin/UOL
Fredy Sampaio já presenteou Axl Rose com um chapéu de cangaceiro no RiR e agora, em São Paulo, o alvo é Duff McKagan
Imagem: Mariana Pekin/UOL

A força realmente impressiona, já que foram praticamente 24 horas em pé para conseguir o feito. Herbet e um casal de amigos de Fortaleza ficaram na fila do Rock in Rio desde as 7h da manhã do sábado. O primeiro obstáculo foram outros fãs que pagaram R$ 100 a mais pelo Rock in Rio Card e puderam entrar meia hora antes. Depois, correr sob o sol os 1,4 km que separavam a entrada do festival do Palco Mundo. “Meu Deus, eu quase morro ali. Foi muito cansativo, mas consegui meu lugar na grade. Logo depois chegaram o Fredy e a mulher dele”, relembra.

Fredy Sampaio e sua mulher, Fran, agora têm a responsabilidade de presentear a banda com pelo menos mais um chapéu, e o alvo principal em São Paulo é o baixista Duff McKagan. Sem Herbet, que não conseguiu vir para São Paulo nesta terça-feira (26) por causa do trabalho, o casal enfrenta uma nova maratona na fila do São Paulo Trip desde às 7h30 da manhã, vindos diretamente do Rio.

Eles carregam outros dois chapéus, contando sempre com um de reserva, caso algo dê errado. Depois de conseguir a visibilidade com Axl Rose, o objetivo maior agora é chamar a atenção das produtoras que trazem shows internacionais para o Brasil para o fato de que o Nordeste é sim um bom mercado para esse tipo de show.

“A campanha existe desde 2014, mas ganhou mais força em 2016 quando anunciaram a turnê sul-americana do Guns N’ Roses e Fortaleza não estava na rota. Fizemos petições, vídeos, mas não deu certo. Mesmo assim viajamos para o Rio e conseguimos jogar o chapéu também lá no Engenhão. O Axl colocou o chapéu lá e resolvemos repetir em 2017. Já deu para notar que ele gosta da ideia e gosta do chapéu. Agora só falta iniciativa das produtoras responsáveis por trazer shows internacionais ao país, de levar a banda ao Nordeste. Eles têm receio de trazer por causa do forró, axé, que são os ritmos associados ao Nordeste”, acredita Fredy.

O chapéu que Axl Rose deve levar para sua mansão em Malibu, na Califórnia, é de couro e foi comprado por R$ 40 no centro de Fortaleza. O grupo conseguiu um desconto por ter levado três unidades. Além disso, o vendedor se ofereceu para gravar uma mensagem no chapéu. Em inglês, Herbet escolheu gravar seu nome e o de Axl, além de um pedido para que a banda voltasse a Fortaleza. Os outros dois chapéus são direcionados à banda como um todo.

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O chapéu que Herbet lançou para Axl Rose durante o show do Guns N' Roses em Fortaleza
Imagem: Arquivo Pessoal

“O intuito da campanha é mostrar que o Guns pode vir para cá. Fortaleza tem público para receber uma banda dessa. Queremos ter a mesma força que Rio de Janeiro e São Paulo tem. A gente movimenta muito público nos nossos shows cover. Quem pode fazer isso mudar não é o Guns, e sim as produtoras. O show de Fortaleza em 2014 deu de 27 a 33 mil pessoas no Centro de Eventos do Ceará”, relembra Herbet.

Este não deve ser o primeiro chapéu de cangaceiro na coleção do vocalista do Guns N’ Roses, já que a ideia inicial da campanha surgiu justamente de uma ação de Axl Rose no show de 2014. Ele cantou a música Civil War no show de Fortaleza usando um chapéu do tipo em homenagem ao público caloroso que recebeu sua banda antes mesmo do celebrado e improvável retorno de Slash e Duff McKagan.

Os cearenses acreditam também que a banda tem consciência da campanha, já que estão sempre com o característico chapéu, na grade de quase todos os shows que o Guns fez no Brasil no último ano. “Na época, Fortaleza foi o show mais elogiado pelo staff da banda e casa cheia. Apesar de o Axl Rose ser muito turrão, nos últimos anos ele mudou muito e com certeza se lembra da gente”, completa Fredy.

“Queremos demonstrar o amor que a gente tem pela banda e alertar as grandes produtoras do país que o Nordeste também tem rock. Fortaleza já recebeu Elton John, Paul McCartney, Megadeth, Iron Maiden, Beyoncé, Deep Purple… Vamos ver ser eles acordam e veem que tem gente que não tem condições de viajar o país para ver um show. Muitos amigos nossos deixaram de vir porque têm filho pequeno, ou trabalham e não poderiam, ou por falta de grana também. Se o show fosse pelo menos em uma cidade vizinha como Natal é bem mais fácil e barato de ir. Mas se Deus quiser um dia o Nordeste vai ser mais valorizado pelas produtoras”, finaliza Fredy, com a esperança de cumprir o restante da missão nesta noite.

O Guns N’ Roses encerra nesta terça a primeira edição do festival São Paulo Trip. Antes deles entrarem no palco, às 20h30, tocam Tyler Bryant & The Shakedown e Alice Cooper.