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Como será o show do U2 no Brasil? UOL já viu a turnê e conta para você

Colaboração para o UOL, em Santa Clara (EUA)

17/10/2017 10h51

Na estrada desde maio de 2017, a turnê comemorativa dos 30 anos do álbum "The Joshua Tree", da banda irlandesa U2, chega ao Brasil nesta quinta-feira e fica até o dia 25 para quatro apresentações em São Paulo, no estádio do Morumbi. A reportagem do UOL assistiu ao terceiro show da turnê na cidade de Santa Clara, na Califórnia, e fez uma lista com os sete momentos chave para entender o significa o espetáculo que vai matar uma vontade especial que muito fã de banda tem.

  • Tudo começa na raiz da árvore

    Quando foi lançado em 1987, o álbum foi fruto de uma incursão dos irlandeses do U2 pela Califórnia, onde já eram famosos graças ao sucesso de seus álbuns anteriores nos Estados Unidos. Eles circulavam entre as estrelas de Hollywood, mas foram conhecer também a América dos que não vivem o sonho americano. Foi desta descoberta que mistura amor e desprezo que Bono, Edge, Adam e Larry compuseram o álbum e a partir dela retomam esses temas na tour. Portanto quando os quatro abrem o show direto da raiz da árvore com o primeiro verso de "Sunday, Bloody, Sunday", "I can't believe the news today", ("Não posso acreditar no noticiário de hoje!"), fica impossível de não associar com o presente, especialmente se no dia seguinte tiverem vazado os áudios do Aécio Neves com o Josley Batista, como foi o caso do show de 17 de maio.

  • O show é político

    Quem acompanha o U2 sabe que política, e mais recentemente marketing político, andam com a banda desde sempre. Sendo "The Joshua Tree" um disco político já na música de abertura, o tema é mais do que esperado. Por isso que o repertório pré-álbum começa com "Bloody Sunday" e segue com outra sequência de hits: "New Year's Day", "Bad" e "Pride (in the Name of Love)". Nesta hora Bono joga o ô-ô-ô-ô-ô pra galera e a banda vai subindo pela passarela em forma de tronco que liga o palco raiz ao palco principal ao som da intro de "Where the Streets Have no Name". Eles param de frente ao telão todo vermelho, a árvore acesa e só se vê suas sombras. Edge toca os primeiros acordes na guitarra. Se você ama esse álbum, este é o momento lágrimas.

  • O "Joshua Tree" toca inteiro e na sequência

    Portanto depois de "Where the Streets Have Nome", vai tocar "I Still Haven't Found What I'm Looking For" e "With or Without You", aquela que todo mundo dançou nos bailinhos do fim dos anos 80. As versões ao vivo, no entanto, já viraram aquele momento farofada que a banda adora fazer quando pede pro povo bater palma, cantar ô-ô-ô, levantar os isque..., quer dizer, os celulares, sempre jogando os braços de um lado pro outro. Em ?I Still Haven't Found? então parece o culto do pastor Bono. Dica: ouça as originais após o show pra esquecer esses momentos constrangedores e fazer as pazes com essas três jóias do repertório da banda.

  • Quando o Bono bota o chapéu preto, o negócio fica sério

    Talvez por não serem tocadas à exaustão como as três primeiras do disco, as outras músicas de "Joshua Tree" chamam mais a atenção na performance ao vivo. Primeiro porque rola mais rock and roll como em "Bullet in the Blue Sky", "Trip Through Your Wire" e "Exit" (ouça essa antes pra lembrar na hora). É nesta canção um tanto obscura para a maior parte do público o momento em que aparece no telão uma cena do seriado dos anos 1950 "Trackdown". Nela, um certo Trump diz a um grupo de caubóis que o mundo vai acabar à meia-noite e que todos têm de construir um muro para se proteger. Um homem o chama de mentiroso e é atacado por outros. Close nos olhos de Trump, satisfeito em semear a discórdia. Começam os acordes no baixo de Adam Clayton. Bono vem do fundo do palco com o chapeuzinho preto que ele usava em "Rattle and Hum", para ao microfone, dá umas fungadas estranhas, olhos vidrados. Edge entra com a guitarra, Bono começa a cantar num crescendo, acompanhando a bateria de Larry Mullen Jr., que explode ao fim da primeira estrofe. Delírio no gramado e nas arquibancadas.

  • Tem surpresas

    Depois de tantas turnês, é possível encontrar alguma música do repertório do U2 que eles nunca tenham tocado ao vivo? Sim, por incrível que pareça, nesta turnê, de 2017 foi a primeira vez em que eles tocaram a belíssima "Red Hill Mining Town". O arranjo, no entanto, foi gravado previamente com o coro do Exército da Salvação, o que deixou a canção ainda mais emocionante, embora dê um certo ar de "Criança Esperança". Tem também outras canções do álbum que foram tocadas poucas vezes, como "Mothers of the Disappeared", que de novo o Bono estraga com aquele monte de ô-ô-ô, e "One Tree Hill", que no show de Santa Clara foi um momento em que o público deu show de canta junto.

  • Cala a boca e toca os hits!

    Terminado o repertório do álbum, é hora de revistar os clássicos pós-Joshua Tree. Para isso, a banda pega canções dos seus dois maiores álbuns posteriores. De "All that You Can't Leave Behind" saem "Beautiful Day" e "Elevation". E de "Achtung Baby" saem "Ultraviolet" e "One". Bono usa essas duas últimas para mais discussão sobre direitos humanos e para promover a One Campaign, um projeto seu para erradicar a pobreza extrema. Até aí, tudo bem, mas quando ele começou a promover a Apple e um iPhone vermelho edição limitada, cuja parte do valor da venda seria destinada à campanha, deu vergonha. Nesta hora o público de Santa Clara começou a gritar: "Cala a boca e toca os hits!"

  • O final pode variar

    Nos primeiros shows da turnê, o U2 estava encerrando sua apresentação com duas canções que o público aproveitava para sair antes e evitar o tumulto do estacionamento: "Miss Sarajevo", com imagens da guerra da Síria (algo que todo mundo quer ver num show de rock, não é mesmo?) e a ainda inédita "The Little Things That Give You Away". Um dos finais de show mais anti-clímax possíveis. Por isso ao longo da turnê essa parte final foi modificada. No show de Santiago, por exemplo, a banda acrescentou "Vertigo", outra inédita, "You're the Best Thing About Me" e tem fechado com "One". Mas quem sabe os brasileiros ganhem mais alguma surpresa, já que o show do dia 25 de outubro será também o último da turnê.