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Weinstein rebate Salma Hayek e diz que não pediu "cena de sexo gratuita"

Harvey Weinstein e Salma Hayek - Reprodução
Harvey Weinstein e Salma Hayek Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

14/12/2017 13h39

O magnata Harvey Weinstein negou as acusações de Salma Hayek sobre ter assediado sexualmente a atriz desde os anos 90. A mexicana escreveu um artigo na última quarta (13) afirmando que o produtor foi seu "monstro" por anos e questiona, "se não era a relação próxima que tinha com Quentin Tarantino e George Clooney que me salvou de ser estuprada".

Um porta-voz do chefão de Hollywood divulgou um comunicado para o USA Today: "Todas as alegações sexuais retratadas por Salma Hayek não são precisas e outros que testemunharam os eventos têm opiniões diferentes".

A atriz descreveu uma situação no set de "Frida", filme que ganhou dois Oscar de 2002, em que o produtor exigiu que ela fizesse uma cena de sexo com uma mulher. "O sr. Weinstein não se lembra de ter pressionado Salma para fazer uma cena gratuita de sexo no filme. Entretanto, isso faz parte da história, já que Frida Kahlo era bissexual", indicou o comunicado.

Amigo de longa data da atriz, Antonio Bandeira foi ao Twitter defender Hayek: "Sua integridade, honestidade como mulher e profissional me fazem dar total crédito para suas palavras".

Entenda o caso

Harvey Weinstein fez um acordo com Salma Hayek nos anos 90 e ofereceu um contrato para diversos filmes da produtora Miramax, mas a mexicana afirma que foi a partir daí que as coisas começaram a ficar estranhas. "Eu comecei a dizer 'não'. 'Não' para abrir a porta para ele a qualquer hora do dia, hotel atrás de hotel, gravação atrás de gravação, onde ele aparecia de surpresa, incluindo uma produção que ele nem estava envolvido". ''Não' para eu tomar um banho com ele; 'não' para ele me oferecer uma massagem; 'não' para um amigo dele pelado me dar uma massagem; 'não' para ele me fazer sexo oral; 'não' para eu aparecer nua ao lado de outra mulher", acrescentou Hayek.

A atriz aponta que tantos pedidos negados de Weinstein o deixaram furioso e as ameaças começaram a acontecer: "Eu vou te matar, não acredite que eu não consiga", disse o poderoso a ela. "Para seus olhos, eu não era uma artista, nem uma pessoa. Eu era uma coisa, um corpo".

Hayek também chamou atenção para os bastidores de "Frida", uma cinebiografia produzida e protagonizada por ela, que teve supervisão de Weinstein, que chegou a parar a gravação para reclamar da sobrancelha da personagem. "Ele me disse que a única coisa positiva que eu tinha era o sex appeal e não havia nada disso no filme. Então ele me disse que ia interromper as gravações porque ninguém gostaria de me ver daquele jeito".

"Ele me deu uma opção para continuar. Ele me deixaria terminar o filme se eu fizesse uma cena de sexo com uma mulher. E ele exigiu cena nua frontal", lembra a atriz, que foi obrigada a fazer a cena para conseguir concluir seu trabalho. "Eu tive um colapso nervoso, meu corpo tremia, respirava rapidamente e comecei a chorar. Não era porque ficaria nua com uma mulher, mas porque ficaria nua por Harvey Weinstein".

Hayek disse que se sentiu inspirada pelas outras mulheres que relatam casos de abuso e estupro cometidos pelo magnata para conta sua história. "Eu não considerava minha voz importante, nem que eu pudesse fazer algo a respeito. Na realidade, eu estava tentando me salvar de explicar para aqueles de quem eu gosto algumas experiências pessoais".

"Estamos finalmente nos tornando conscientes de um vício que foi socialmente aceito e insultou e humilhou milhões de meninas como eu. Estou inspirada por aqueles que tiveram a coragem de falar, especialmente em uma sociedade que elegeu um presidente que foi acusado de assédio sexual por mais de uma dúzia de mulheres e que todos nós ouvimos faz uma declaração sobre como um homem com poder pode fazer qualquer coisa que ele queira para as mulheres", completou.