Poluição, guerra e ditadura: o futuro sombrio que o cinema prevê ao Brasil
Em crise, a política e a economia brasileira definham no olho de um furacão. No cenário internacional, a ameaça de guerra envolvendo Estados Unidos e Coreia do Norte só maximizam o sentimento de desesperança. Qual é o futuro do Brasil nessa história de incertezas?
O cinema tem suas pistas, e muitas delas estão na mostra “Brasil Distópico”, que acontece de 15 de agosto a 27 de agosto, no Caixa Cultural Rio de Janeiro. São 37 filmes de que nos apresentam futuros nada animadores para o país, com produções de hoje e do passado —mas com previsões bem atuais.
O que a ficção científica projeta para nós: catástrofes naturais, megalópoles sem vida, poluição nuclear avassaladora e, entre tantos outros pesares, até ameaça de volta a regimes ditatoriais. Interessou? Os ingressos para as sessões saem por R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia).
Veja abaixo sete filmes que valem a pena ser vistos na mostra, que acontece na avenida alameda Barroso, 25, centro da capital fluminense.
Oceano Atlantis (1993, 80 min), de Francisco de Paula
O longa é uma “ecodistopia” que jamais chegou a ser lançada comercialmente. Produzido em tempos da Eco-92, mostra o que sobrou do Rio de Janeiro após um violento maremoto que, por questões geográficas, poupou apenas os morros, criando uma incrível civilização submersa. Destaque para a cena em que Dercy Gonçalves e Antônio Abujamra jogarem xadrez no fundo do mar --referência ao clássico "O Sétimo Selo", do cineasta Ingmar Bergman.
15/8, terça-feira, às 15h40
24/8, quinta-feira, às 17h
X-Manas (2017, 18 min), de Clarissa Ribeiro
O cenário é o Recife. O ano é 2054. A cidade cresceu tão sem controle que com a população acabou enclausurada em imensos edifícios separados racialmente. No lado fora, há um submundo de dissidentes sexuais que se unem para armar um plano subversivo e lutar contra a opressão. O curta, que nasceu no teatro, é uma espécie de sátira LGBT ao universo dos X-Men com a atual onda de intolerância como pano de fundo.
17/8, quinta-feira, às 19h
20/8, às 15h50, na Sessão Curtas Especial
Recife Frio (2009, 25 min), de Kleber Mendonça Filho
A capital pernambucana agora experimenta um curioso e inexplicável fenômeno, com a chegada de uma frente fria que transforma a cidade em um ambiente gélido, chuvoso e triste. O clima muda drasticamente a rotina da população e arruína o turismo. Assinado pelo diretor de “Aquarius”, o curta é repleto de crítica social e de protesto à forma como Recife vinha sendo administrado na época.
24/8, quinta-feira, às 15h35, na Sessão Curtas 4
Hitler Terceiro Mundo (1968, 71 min), de José Agrippino de Paula
Um bizarro Adolf Hitler futurista vai parar em um país do Terceiro Mundo, onde se depara com uma realidade em convulsão. Lá, imperam autoritarismo e o messianismo. Produzido em tempos de ditadura militar e ainda atual, o filme representa o cinema marginal e lança a pergunta: estaríamos fadados desde sempre a enfrentar governos decadentes e extremistas na América do Sul?
20/8, domingo, às 19h15
Abrigo Nuclear (1981, 84 min), de Roberto Pires
A poluição radioativa tomou conta. As pessoas sofreram e precisaram ser transferidas para um abrigo subterrâneo, vivendo sob regras de uma rígida comandante. Na surdina, um grupo busca formas de retornar à superfície, mesmo com todos os problemas. Imaginada muito antes das atuais ameaças de guerra nuclear entre Estados Unidos e a Coreia do Norte, a história é em um dos clássicos da nossa ficção científica.
16/8, quarta-feira, às 14h45
25/8, sexta-feira, às 19h15
“Brasil S/A” (2014, 62 min), de Marcelo Pedroso
A crítica aqui é direcionada ao modelo de desenvolvimento e à economia do Brasil, que tanto explorou e ainda explora a produção de cana de açúcar. A trama acompanha um cortador de cana que é afetado diretamente com as chega das máquinas e do progresso. Tal “desenvolvimento” acaba o levando a uma improvável viagem interplanetária, pontuada por alegorias e trilha sinfônica.
26/8, sábado, às 17h30
O Jardim das Espumas (1970, 108 min), de Luiz Rosemberg Filho
Vivemos em um planeta extremamente pobre e dominado pela opressão. Em um belo dia, recebemos a visita de um emissário dos planetas ricos. Estaria ele interessado em nossa sobrevivência ou apenas em firmar acordos econômicos para favorecer sua parte? Alguma semelhança com as multinacionais países em desenvolvimento para explorar a mão de obra barata? Este ainda é o nosso futuro? Experimental e impactante, o filme traz essa e muitas outras indagações.
16/8, quarta-feira, às 18h50
26/8, sábado, às 15h20
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