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Ricardo Feltrin

Pastor chutou imagem da Santa em 1995 e causou revolta no país

Papa Francisco beija a imagem de Nossa Senhora Aparecida durante missa na basílica de Aparecida, no interior de São Paulo, em 2013  - Stefano Rellandini /Reuters
Papa Francisco beija a imagem de Nossa Senhora Aparecida durante missa na basílica de Aparecida, no interior de São Paulo, em 2013 Imagem: Stefano Rellandini /Reuters

Colunista do UOL

11/09/2017 07h20Atualizada em 11/09/2017 08h10

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Na madrugada de 12 de outubro de 1995, o pastor Sergio von Helder, da Igreja Universal do Reino de Deus, apresentava o programa “Palavra de Vida” na Record.

No palco, ao seu lado, ele tinha uma gramde imagem de Nossa Senhora que comprara por R$ 500.

Assim como Agenor Duque, a pregação de von Helder também instava os telespectadores a não crer em imagens ou em santos.

Numa tentativa canhestra de mostrar que as imagens não tinham nem sequer o poder de se defender (assim como Duque fez ao jogar a garrafa de Coca-Cola ao chão), Von Helder deu repetidos chutes na Santa.

Um jornalista do extinto jornal “Folha da Tarde” (Grupo Folha) assistiu a tudo e informou a seus chefes na manhã seguinte.

Repórteres do jornal passaram parte do dia procurando alguma empresa que tivesse gravado a programação da Record durante a madrugada (lembrem-se, era 95, não existia internet no Brasil ainda). Este colunista fez parte dessa equipe de apuração.

Por volta das 17h, com a fita em mãos, foi feita uma longa reportagem, que se tornou a manchete do jornal. A reportagem ganhou ainda mais repercussão porque foi reproduzida pelo “Jornal Nacional” naquela noite.

Houve revolta em todo o país. Inclusive dentro da Universal, que nunca registrou perda tão grande de fiéis desde sua fundação. A Universal acabou se desculpando. Em suas autobiografias, o bispo Edir Macedo  admite que esse foi o maior erro que sua igreja (um de seus pregadores) já cometeu.

Sergio Von Helder caiu um desgraça, mas permaneceu na instituição de Macedo. Nas semanas seguintes, ameaçado de morte, deixou o Brasil, mas continuou recebendo apoio financeiro da Universal.

Ficou “escondido” por vários anos em  países, como EUA, México e Colômbia.

Diferentemente do que propagam boatos atuais em redes sociais, ele jamais se arrependeu do que fez e muito menos se converteu ao catolicismo. Tampouco teve câncer ou outra doença degenerativa e implorou por piedade a Nossa Senhora.

São lendas inverídicas propagadas sem nenhuma base real.

Segundo esta coluna apurou, Von Helder passou os últimos anos pregando em uma pequena igreja evangélica em uma pequena comunidade no interior do Equador. Apesar de visitar o Brasil com frequência, ele tenta se manter incógnito e diz ainda temer por sua vida.

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