Por que Spike Lee e 'Faça a Coisa Certa' são mais relevantes do que nunca
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Quando Nova York tombou ante a pandemia do coronavírus, Spike Lee foi o primeiro a registrar a "cidade que nunca dorme" exaurida, apagada, no curta "New York, New York". Ao mesmo tempo, celebrou seus verdadeiros heróis - médicos, enfermeiros, bombeiros - como aqueles que não cerravam os olhos ante o avanço da doença. Quando os Estados Unidos queimaram (e ainda queimam) com os protestos que seguiram o assassinato de George Floyd, asfixiado por um policial racista, Spike Lee deu voz aos oprimidos, mesclando ficção e realidade em outro curta devastador, "3 Brothers: Radio Raheem, Eric Garner and George Floyd".
Não é surpresa que o cineasta que fez de sua carreira um libelo contra a intolerância racial tenha sido impelido a reagir quando seu povo mais uma vez encontrou-se sob uma bota pesada. Em especial no momento em que o filme que o projetou - o arrebatador "Faça a Coisa Certa", de 1989 - ressurja ainda mais urgente e mais atual. Mais de três décadas se passaram e os negros nos Estados Unidos continuam morrendo ante uma polícia racista e violenta. Nada mudou. Pelo contrário: a intolerância agora é alimentada pelo descaso de um presidente que despreza seu próprio povo. Não muito diferente do que acontece em nosso quintal.
No vídeo da semana eu retomo a carreira de Spike, da polêmica à época do lançamento de "Faça a Coisa Certa", aos altos e baixos que o seguiram (mais altos, diga-se, com "Malcolm X" e "A Última Hora" entre eles), até a consagração com o Oscar pelo igualmente explosivo "Infiltrado na Klan", em que o mundo real literalmente invade a ficção, mostrando que quanto mais as coisas parecem mudar, mais elas parecem piores. Ao menos não estamos cegos, e enxergamos através dos olhos de um cineasta hoje mais importante do que nunca como Spike Lee.
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