Paulo Ricardo fantasiado de Beth Carvalho é a salvação do rock nacional

A música “Coisinha do Pai” já conquistou diversos feitos importantes. Composta por Jorge Aragão, grande guru do samba, e eternizada por Beth Carvalho, a canção rompeu inclusive os limites da estratosfera.

Foi em uma manhã de julho de 1997 que o robô Sojouner acordou em Marte ao som de uma versão interpretada pelos cantores Elba Ramalho e Jair Rodrigues. A ideia de que um samba estava se propagando no vácuo marciano era por demais emocionante para o povo brasileiro. Morremos de orgulho.

Eis que 21 anos depois, em uma ensolarada tarde de maio, o "Domingão do Faustão" apresentava o Show dos Famosos, quadro onde artistas representam outros artistas, de preferência alienígenas aos seus universos originais.

Paulo Ricardo é um dos concorrentes e decidiu se montar à imagem e semelhança de Beth Carvalho. Para amenizar sua indisfarçável voz rouca, meio que sussurrou “Coisinha do Pai”. Gesticulou, pendeu para um lado e para o outro. Morremos de vergonha alheia, mas com respeito.

Parecia Beth Carvalho? O suficiente para não ser esquecido. Mas tanto a audiência quanto o júri, composto pelos geniais Boninho, Miguel Falabella e Claudia Raia, saíram de órbita. Mas que diabos, era o Paulo Ricardo imitando a Beth Carvalho.

Durante muitos anos, o rock e o samba estiveram em universos paralelos. Rock era sinônimo de qualidade, incensado pelos críticos. Samba era populacho. Ao pedir a benção à Beth Carvalho, Paulo Ricardo valoriza o próprio trabalho, audaciosamente indo onde roqueiro nenhum jamais esteve.

Paulo Ricardo fantasiado de Beth Carvalho é a salvação do rock nacional. Os artistas precisam se levar menos a sério, pois certamente o público não está nem aí. No final das contas, o que todo mundo quer é um pouco menos de gravidade.

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