Criador do Deadpool tem mais sorte que juízo
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Robert Liefeld foi um dos mais populares e influentes criadores de quadrinhos da primeira metade dos anos 90. Durante seu tempo na Marvel, transformou os Novos Mutantes, espécie de time ‘dente de leite’ dos X-Men, numa milícia pós-distópica. A nova equipe era liderada por Cable, andróide com origem tão vaga que pouco tempo depois passou a ser um mutante deslocado no tempo (e filho do Ciclope com uma clone da então falecida Jean Grey - é uma longa história).
Deadpool surgiu logo depois, a princípio como um algoz de Cable e, consequentemente, da X-Force. E era um personagem tão genérico quanto quase tudo o que Liefeld produziu naqueles tempos. Uma imitação sem vergonha do Exterminador, inimigo dos Novos Titãs da DC Comics. Até a identidade secreta deixava clara a inspiração - o mercenário da Marvel chama-se Wade Wilson, enquanto o original atende por Slade Wilson.
Além das ideias pouco originais, Liefeld era um péssimo desenhista do ponto de vista técnico. Não tinha a menor noção de perspectiva ou sobre como o corpo humano é formado. Uma das características mais conhecidas do seu trabalho é a preguiça que ele tem de desenhar pés. É um hábito tão marcante que persiste até hoje, como na capa da revista Empire sobre o lançamento de Deadpool 2.
Mas os anos 90 foram tempos mágicos para os leitores de gibis. A molecada não estava muito preocupada em fazer qualquer sentido. O importante era parecer radical, cru, visceral. E isso era o tipo de coisa que Rob Liefeld certamente conseguia prover. Um punk rock para crianças de condomínio.
Foram artistas posteriores que conseguiram dar alguma personalidade aos personagens de Liefeld. Deadpool teve uma longa fase escrita por Joe Kelly, responsável por transformá-lo no paspalho que todo mundo conhece dos cinemas. E o Cable foi vítima de uma trajetória um pouco mais confusa, mas repleta de boas histórias.
Logo depois do sucesso inicial da X-Force, Liefeld e outros artistas da moda, como Todd McFarlane e Erik Larsen, ambos com passagens brilhantes no gibi do Homem-Aranha, declararam independência e fundaram a Image Comics.
Enquanto o criador do Deadpool continuou apresentando decalques pálidos de personagens pré-existentes (até ser demitido pouco tempo depois), seus sócios fizeram coisas como Spawn e Savage Dragon, que continuam saindo até hoje. Com o tempo, a empresa deixou de investir apenas nos gibis de super-heróis e hoje publica alguns dos melhores títulos independentes de todos os tempos, como Walking Dead e Saga.
Para quem acompanhou toda a trajetória do artista, é surreal ver o nível de relevância que sua obra insiste em ostentar depois de todos esses anos. Motivo de chacota para muita gente na internet, Rob continua fazendo mais sucesso do que o mais otimista fã poderia prever. Se observarmos seu modus operandi, teve muito mais sorte que juízo.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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