Globo força a amizade com "O Brasil que eu quero"
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O telejornalismo da rede Globo vem exibindo semanalmente cerca de 30 vídeos diferentes criados pela audiência. Trata-se de uma iniciativa chamada “O Brasil que eu quero para o futuro”, onde os telespectadores são convidados de maneira ostensiva a participar, gravando depoimentos em pontos turísticos (ou calamitosos) de suas cidades.
Eis que o conteúdo produzido pelos empolgados cidadãos é abaixo da crítica, normalmente repetindo clichês velhos e carcomidos. “O povo precisa de educação!”, “Queremos mais saúde!”, “Chega de violência!”... É certo que os problemas são reais e precisam de discussão, mas a abordagem denota um terrível desconhecimento do povo sobre qualquer tema com maior profundidade, além de uma falta de criatividade bem pronunciada.
E os comentários de Bonner e seus asseclas, logo após o bloco diário em que o material é apresentado, sempre dando um peso exagerado às declarações mais passageiras, é o arremate fatal. A situação costuma variar entre o constrangedor e o extremamente constrangedor, com aquela típica naturalidade milimetricamente ensaiada.
Todo esse esforço provavelmente renderá um cativante videocase para demonstrar o quanto a Globo está construindo conexões diferenciadas com a audiência graças à internet. Uma pena que seja um produto tão bobo e rasteiro, que pouco acrescenta ao jornalismo e a programação da emissora.
Pode até ter um engajamento alto, pois todo mundo acha legal aparecer no Jornal Nacional (tirando a galera da Lava-Jato). Mas para o pobre sujeito que está simplesmente do outro lado da telinha, não passa de uns minutos de descanso para checar o Facebook ou dar uma navegada no Tinder.
Se serve de algum consolo, o quadro parece consolidar um cenário aterrador sobre o país, reforçando nossa própria indigência ao ter que lidar com problemas que já são conceitos ultrapassados por si só. Mas tenho certeza que dava pra perceber isso com bem menos do que 120 vídeos ruins por mês.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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