"O Outro Lado do Paraíso" insiste em núcleo "Zorra Total"
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O trabalho de um autor de novela é bastante complicado. Imagine ter que diariamente passar a impressão para o público de que a história está andando para a frente. Desde os folhetins mais antigos, passando pelos gibis da Marvel nos anos 60, esse sempre foi o desafio de quem escreve tramas populares e de grande fôlego.
Para compor as dezenas de laudas diárias, os autores de novela se permitem incluir algumas linhas narrativas um pouco menos sofisticadas. Principalmente no âmbito do humor, é comum ver diariamente a mesma rotina se repetindo como farsa. É algo que críticos e especialistas do mundo todo passaram a chamar de “núcleo Zorra Total” (na verdade só eu, que não sou uma coisa nem outra).
O saudoso programa humorístico da Globo, assim como a "Praça É Nossa", do SBT, apresentava quadros e personagens presos em um claustrofóbico Dia da Marmota. Com mínimas variações, todo sábado acontecia as mesmas coisas. Em tempos de insegurança e volatilidade econômica, atrações assim firmam nossos pés em algum chão.
“O Outro Lado do Paraíso” não foge à regra e possui seu núcleo Zorra Total. Eriberto Leão, Ellen Roche e e Ana Lúcia Torre passaram longas semanas testando a resiliência do telespectador. Personagem de Eriberto é secretamente gay, porém casado com Ellen Roche. Ambos moram com a mãe dele, Ana Lúcia Torre, que insiste de um jeito pouco afrodisíaco para que eles transem com o intuito de dar-lhe um neto.
A simpática patacoada se repetia diariamente, eventualmente mais de uma vez por capítulo. Agora parece que temos chances de ver a história evoluir, mas tudo pode ser um truque do Walcyr Carrasco para parecer que a história caminhou.
O núcleo Zorra Total mais lembrado da história recente é a infame saga do Cadinho em Avenida Brasil. O bígamo do bairro do Divino irritou boa parte da sociedade brasileira, que chegou a duvidar dos talentos de João Emanuel Carneiro para a comédia.
Existem variações ousadas também, como o núcleo Zorra Total Dramático. Os primeiros meses de “A Força do Querer” traziam diariamente a personagem de Maria Fernanda Cândido frustrada com a falta de feminilidade de Carol Duarte. Para a sorte da audiência e da causa defendida, a saga de Ivan ficou mais interessante com o passar do tempo. Tinha também o drama da jogatina vivido por Lília Cabral. Apesar de apresentar um pouco mais de humor, sempre flertou com a tragédia.
Natural que tenha mais de um núcleo repetitivo em novelas da Glória Perez, que escreve os capítulos sem o auxílio de equipe. Novela é um acordo tácito entre público e autor. Passamos o dia ansiosos para descobrir de que maneira seremos enganados noite após noite. Por mim, tudo bem.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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