Cavalinhos do "Fantástico", um truque que enganou o Brasil
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Os mágicos de rua têm uma técnica bastante apurada para fazer com que o público caia nos truques mais manjados. A diretriz é confundir: enquanto chama atenção para a mão direita, por exemplo, o mágico prepara a mão esquerda para dar o bote que surpreenderá a todos. Por isso as roupas excêntricas e o falatório: são métodos de desvio de atenção. Quando você menos espera, está entretido e eventualmente perdendo dinheiro.
Tadeu Schmidt é o David Blaine do jornalismo global. Com tantas ofertas na TV a cabo e internet para o entusiasta futebolístico prestigiar os lances da rodada, o tradicional segmento dos Gols do Fantástico estava se tornando uma draga de audiência. Não tinha como impossibilitar que os torcedores continuassem recebendo informações por outros meios. E aí veio o truque de mestre: lançou mão de uma intrincada narrativa dadaísta envolvendo cavalinhos de pelúcia.
Como o quadro já tinha um histórico de equinos graças à antiga relação entre Léo Batista e uma zebra, a princípio parecia apenas a atualização de um formato. Mas era algo muito mais engenhoso. Com os infames Cavalinhos do Brasileirão, criou-se um universo à parte do campeonato, que até narra os fatos ocorridos nos jogos, mas constrói diversas camadas em cima dessa base.
Elementos como o livro de regras, as interações entre cavalgaduras adversários e o comando gracioso de Tadeu cumpriram com louvor o desafio: desviar a atenção do público. Se antes a sua avó trocava para o Silvio Santos na hora dos gols, ela passou a adiar até a hora em que começa o "Domingo Maior". As crianças deveriam estar dormindo, mas agora só tomam o último Toddynho do dia depois de saber em quais confusões se meteu a mascote do Corinthians.
Os cavalinhos são descendentes do Cavalo de Troia. Adentraram sorrateiramente nas mentes de milhões de desinteressados por futebol. E o sucesso acabou trazendo parte dos aficionados de volta aos "Gols do Fantástico". Enquanto Tadeu se diverte com os cavalinhos, o fantoche é você.
242 Comentários
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Barney.... dor de cotovelo é feio.... mas... o que falar de uma pessoa que acha Anitta orgulho nacional, ou que o Belo é sucessor do Roberto Carlos.... oh derrota.
Às vezes me pego assistindo ao quadro só para tentar descobrir até onde vai a estupidez humana. Ainda tem que somar o tal de "como um gato...".