Ultrajante e genial: Beto Salada prova que o "Pânico" ainda é relevante
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Daniel Zukerman é o integrante mais consistente do Pânico desde os tempos de RedeTV! Sempre apresentou um ponto de vista muito bem definido, além da identidade artística e espiritual que tornam o trabalho do comediante inconfundível. Quadros clássicos como “Silveira e Silveirinha”, “Xupla” e muitas das reportagens que faz de cara lavada tem como característica comum o fato de sempre levar o besteirol até as últimas consequências.
A cara de pau de Zukerman impede que ele altere o semblante ou o tom de voz enquanto provoca dolorosas reações a seus incautos interlocutores. Creio que a obra desenvolvida com o personagem Beto Salada seja o auge dessa jornada até aqui.
Assim como o saudoso segmento do Amaury Dumbo, o novo personagem traz um vislumbre pós-distópico a respeito de algo que o Pânico sempre teve como traço fundamental, a desconstrução do colunismo social televisivo. As festas são horrorosas, as interações com os convidados são pesadíssimas e as piadas fazem referências nem um pouco veladas ao consumo, tráfico e produção de drogas, além das mais variadas vertentes da prática sexual.
Para olhares menos treinados, pode até parecer baixaria rasteira ou blasfêmia. Mas é arte, prezado leitor. De um nível que sequer estamos acostumados a acompanhar no Brasil. Zukerman pega a decadência moral, ética e financeira da nossa sociedade e dá um tapa cheio de ternura no rosto de todos nós.
Beto Salada mistura cinismo e sinceridade como se fossem irmãos, em vez de antagonistas milenares. É com a verdade exposta das formas mais improváveis que acabamos expostos ao que há de mais perverso na hipocrisia que move o mundo. E ainda damos muita risada no decorrer do processo. O quadro é a coisa mais engraçada em exibição atualmente.
Que o futuro do Pânico na televisão seja brilhante, para que continuemos nos divertindo com o humor húngaro de Daniel Zukerman.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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