Anderson Silva: tentou ser o Senna do MMA, mas não teve a menor chance
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O lutador Anderson Silva teve um bom período de brilho no UFC, quando permaneceu no topo da categoria e era reverenciado como o grande nome do MMA mundial. Serviu como garoto-propaganda da organização em sua agressiva investida no Brasil, quando o evento voltou a atrair a atenção do público. Com a força midiática e financeira promovida pelo empenho de empresas patrocinadoras, Silva foi vendido como um novo herói nacional.
Assim como Ayrton Senna formou uma geração de admiradores do automobilismo e Guga Kuerten trouxe o tênis para o centro das discussões em almoços familiares, recai sobre os ombros do lutador ser o arrimo das artes marciais mistas em nosso inconsciente popular. A estratégia até começou bem, mas logo o caldo entornou.
O ex-campeão meio pesado teve um histórico brilhante, ainda que controverso, no octógono. Mas sua postura como celebridade e promotor das próprias lutas sempre pareceu muito equivocada. Evitando entrar em méritos esportivos, peço licença ao amigo leitor para avaliar a persona pública de Anderson Silva.
Astro do telecatch
Silva sempre foi dado a pitorescos métodos para desmoralizar seus oponentes durante a luta. Dancinhas e firulas fizeram parte do seu cardápio de desrespeitos a granel. Esse tipo de postura sempre teve dificuldade de ser aceita pelo público brasileiro, que sempre exigiu um mínimo de carisma para perdoar seus atletas mais presepeiros. Nunca foi o caso do lutador.
A disputa entre Anderson Silva e Chael Sonnen valendo cinturão no UFC 148, em 2012, teve como preparativo um dos espetáculos mais vexaminosos da história do evento. Mesmo com um histórico razoável de circo, graças a fanfarrões como Brock Lesnar e Rampage Jackson, a troca de gentilezas entre os dois deixou qualquer sutileza de lado.
Se o papo furado dos lutadores já era tão (mal) combinado, como acreditar no que acontecia quando subiam no octógono? Olhando em perspectiva, é até engraçado rever as bravatas de Silva para cima de Chael:
Ele não merece estar no UFC. É um imbecil. Vou quebrar a cara dele. Vou arrancar todos os dentes da boca dele. Esse cara teve problema com doping, não respeita nada, é um imbecil. Ele vai aprender a respeitar o país que criou o esporte.
Será que hoje em dia o “Spider” merece estar no UFC? E sua terceira acusação de doping pode ser considerada uma atitude de respeito ao país que criou o esporte? Deixo os questionamentos para a avaliação da posteridade.
Sidekick do Steven Seagal
Uma das mais curiosas figuras de Hollywood é também um reconhecido artista marcial. Nos esforços finais para transformar Silva em um astro além das lutas, Steven Seagal surgiu para assumir a função de “mestre motivacional”. Protagonista de dezenas de filmes lançados diretamente em DVD ao longo das últimas décadas, Seagal hoje amarga uma série de acusações de assédio por parte de atrizes como Portia de Rossi (Arrested Development).
Podemos dizer o último grande momento de sua carreira foi participar do “Arquivo Confidencial” promovido pelo Domingão do Faustão para exaltar Anderson Silva. Aliás, se me permitem uma breve digressão, Seagal lançou um discaço em 2005 chamado “Songs from the crystal cave”. E foi pela Sony da Tailândia. Gosto muito da canção que abre o álbum, “Girl It’s Alright”, além do clipe que parece um programa do Álvaro Garnero que saiu do controle.
Sparring do Leandro Hassum
Silva também participou de “Até que a Sorte nos Separe 2”, mais uma das investidas do cinema nacional em comédias que conseguem atrair pessoas aos cinemas na mesma medida em que conseguem decepcioná-las. Apesar da cena ter sido criada evidentemente para zombar da forma física de Leandro Hassum, é curioso notar que o ator parece esbanjar mais saúde do que Silva no atual momento de sua vida.
É uma pena que o notável atleta tenha sabotado a própria carreira de maneira tão eficiente. Não há de ser nada: esperamos o senhor na próxima edição de “A Fazenda”, Anderson.
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