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Globo precisa banir Tatá Werneck das novelas

Tatá Werneck está no ar com a segunda temporada do "Lady Night", no Multishow - Gianne Carvalho / Multishow
Tatá Werneck está no ar com a segunda temporada do "Lady Night", no Multishow Imagem: Gianne Carvalho / Multishow

16/10/2017 04h00

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Deve ser uma experiência e tanto atuar em novelas da Globo. Além da exposição massiva na maior emissora do país, existe todo um pacote de benefícios espetaculares. Você passa a ser convidado para as melhores festinhas, ganha muito dinheiro com publicidade e recebe muita coisa de graça.

Com minhas limitações éticas e morais, falo apenas do ponto de vista do homem torpe e materialista que sou, sem me ater a questões mais nobres como realização profissional ou o desafio artístico de decorar 15 laudas por dia, criadas especialmente pelos maiores nomes da teledramaturgia nacional.

Longe de mim desejar que Tatá Werneck seja barrada nesse concorrido panteão de estrelas de novela. Mas a suspeita que havia nascido com a primeira temporada de "Lady Night", talk show da atriz no Multishow, foi absolutamente confirmada com a estreia dos novos episódios: Tatá nasceu para isso.

Por mais que tenha sido alçada a um novo tipo de fama com a Valdirene de “Amor à Vida” e tenha desempenhado bons papéis nos trabalhos seguintes, a presença de Tatá Werneck em novelas é um desperdício de talento.

Walcyr Carrasco, Alcides Nogueira, Daniel Ortiz e Daniel Adjafre que não nos ouçam, mas a verve da atriz é muito superior a qualquer texto que os excelentes autores de novela já tenham preparado para ela.

A personagem que ela encarna em "Lady Night" inclusive lembra bastante aquela versão mais psicótica do Pica-Pau, que conseguia encantar e azucrinar a sociedade em medidas muito parelhas.

Pica-pau - Reprodução - Reprodução
Versão psicótica do pica-pau que Tatá encarna no "Lady Night"
Imagem: Reprodução

Ao agir como uma apresentadora indiscreta, lasciva e terrivelmente engraçada, Tatá consegue feitos históricos, como humanizar um cidadão à prova de naturalidade como Neymar Jr.

Os 24 anos dedicados ao media training criaram uma casca em torno do jogador, que dificilmente dá declarações fora dos padrões estabelecidos pela norma ABNT.

Pois a entrevista que inaugurou a segunda leva do programa nos fez lembrar do Neymar moleque, o Neymar de várzea, o Neymar tuiteiro raiz. Mesmo com as tradicionais respostas evasivas, o filho preferido de Neymar Sênior ficou desarmado e garantiu um excelente entretenimento.

Não obstante, o talento de Tatá Werneck é reforçado pelo trabalho de profissionais que admiro muito, como os roteristas Flávia Boggio, Caito Mainier e Alexandre Paim. O programa não tem respiro, induzindo o telespectador a variar entre o sorriso de satisfação e pronunciadas gargalhadas durante todo o período de exibição.

Fica então o apelo: que a Globo desista de convocar Tatá Werneck para perder tempo em novelas, e que o "Lady Night" sirva como tubo de ensaio para algum programa fascinante na TV aberta.