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Avanços da medicina viabilizam segundo fim de semana do Rock in Rio

Zanone Fraissat/Folhapress
Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress

25/09/2017 04h00

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A expectativa de vida em países europeus variava entre 60 e 69 anos durante os loucos anos 1960. Isso para um cidadão comum --imagine quais seriam as perspectivas para os pioneiros da efervescente cena musical da época.

Graças aos avanços da medicina, que com tecnologia e bom senso vem trazendo conforto para uma parcela cada vez maior da humanidade, foi possível prestigiar vigorosas performances dos veteranos no Rock in Rio.

Roger Daltrey e Pete Townshend, do The Who, foram o exemplo mais bem acabado de um século promissor para a ciência. Apesar dos 50 anos de diversificadas emoções provenientes da vida em uma banda de rock, continuam entretendo o público com o apuro técnico de um programador de aplicativos no Vale do Silício.

Bon Jovi no Rock in Rio - Marco Antônio Teixeira/UOL - Marco Antônio Teixeira/UOL
Imagem: Marco Antônio Teixeira/UOL

Aerosmith e Bon Jovi, dois sorrisos emblemáticos da música mundial, tiveram a oportunidade de conquistar o público depois da superação de seus problemas de saúde. Os fãs deveriam mandar cartinhas para agradecer aos médicos, pois garantiram ótimos momentos.

A alegria emo do Fall Out Boy não está entre os itens mais antigos em exposição nesta edição do Rock in Rio e certamente agradaram principalmente aqueles que burilaram seu gosto musical só depois do bug do milênio. E o tempo mostrou que seus integrantes estão menos para o parceiro mirim do Radioactive Man e cada vez mais para o Comic Book Guy, dos Simpsons --o que é ótimo.

Guns N' Roses, a banda preferida da família Medina, foi bastante criticada pelo longo espetáculo que forneceu ao público carioca no sábado. Reclamaram que a voz de Axl já não é como outrora. Tudo bem, talvez seja difícil rebater esse argumento. Mas vocês viram o quanto o cara correu durante 3 horas e meia de show? Creio que tenha sido mais do que o meio de campo do meu Avaí durante todo o primeiro turno do Brasileirão.

Apesar das dificuldades econômicas e institucionais do Brasil, nossos roqueiros também estão fazendo história, atingindo uma longevidade que apenas eminências da MPB poderiam sonhar em ter até bem pouco tempo atrás.

Responsáveis pelo farto lucro de locação de vans pelo Brasil durante os anos 80 e 90, a outrora numerosa banda Titãs hoje cabe em um Uber X. Se a medicina vem evoluindo na tecnologia dos membros mecânicos como pernas e braços em seres humanos, a prática já é um sucesso definitivo no rock. Com quatro integrantes a menos, Sergio Britto, Branco Mello e Tony Bellotto implantaram novos membros, como Beto Lee, e fizeram um ótimo show.

Supla já está há três décadas desafiando qualquer probabilidade comercial e artística. Com seu reconhecido afã pelo despautério, o segundo Suplicy mais popular do Brasil segue levando críticos a fazer beicinho enquanto o público vai ao delírio --bom, na medida do possível.

Supla se apresenta no Palco Sunset, no Rock in Rio - Marcos Ferreira/AgNews - Marcos Ferreira/AgNews
Imagem: Marcos Ferreira/AgNews

E o Capital Inicial é provavelmente a maior banda brasileira desde o fim do Exaltasamba. Dinho Ouro Preto é o líder carismático e político que o país precisa para sair da crise em que se encontra. Já sobreviveu ao turbilhão da década perdida, superou fracassos e está há praticamente 20 anos de volta ao topo. É certamente o mais reluzente motivo para termos orgulho de Brasília atualmente.

Que a medicina continue evoluindo para garantir mais cinco, dez, 20 edições de Rock in Rio com esses senhores e senhoras no auge das capacidades físicas e emocionais.

Voltamos em 2019, provavelmente com poucas novidades.