Uma boa e uma má notícia sobre "Emoji - O Filme"
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Não sei qual o nível de empolgação que o nobre leitor está em relação ao lançamento de "Emoji - O Filme", grande destaque cinematográfico da semana. Mas ciente de minha responsabilidade social, achei por bem prepará-lo para o que está prestes a acontecer nas salas de exibição mais próximas a partir desta quinta-feira.
Como na maioria dos comunicados públicos do distópico ano de 2017, é de bom alvitre colocar o casaquinho antes de sair para enfrentar a brisa gelada da verdade.
Uma boa notícia
A criatividade, especialmente quando aliada ao pragmatismo do capitalismo selvagem, é a mais pródiga das capacidades humanas.
Desenvolvemos por milênios nossa linguagem, inventamos termos rebuscados para exprimir os sentimentos mais hediondos. Fomos impelidos por necessidades abissais a evoluir, encontrar novos caminhos e sofisticar nossa compreensão do mundo.
Mas uma verdadeira transformação aconteceu quando conseguimos pegar aqueles rabiscos rudimentares nas paredes de nossos ancestrais para mimetizar o efeito em nossos aparelhos celulares.
Tudo em nome da satisfação de usar um rostinho amarelo muito fofinho na hora de marcar o próximo jantar de negócios ou lamentar o atraso na sessão de terapia.
Quando vejo "Emoji - O Filme", enxergo também o pináculo do desenvolvimento da humanidade em todo o seu esplendor.
Uma má notícia
Todo o processo compreendido desde ter a ideia de realizar um filme estrelado por emojis até lançar um filme estrelado por emojis acabou resvalando no mais profundo fracasso.
Não é como se fosse impossível fazer bom entretenimento a partir de algo tão raso quanto carinhas amarelas. Desafios mais intensos já foram herculeamente cumpridos: Ziraldo fez um livro poético sobre as cores; Jorge Benjor escreveu uma música sobre Washington Olivetto.
Não obstante, todo mundo já viu alguma ótima história envolvendo emojis. A trama abaixo, por exemplo, é infinitamente melhor resolvida do que qualquer coisa apresentada no filme.
Não só o uso das expressões gráficas é mais coerente, como também oferece uma punchline melhor equilibrada.
O filme parece acreditar que tanto faz o que é dito, contanto que pareça bonitinho. A expressão como commodity parece ser a grande vilã da história.
E a culpa não é dos emojis, que brilham com reluzente graça toda vez que aparecem. A fraqueza está justamente na burocrática concatenação de palavras.
O que é dito serve apenas para ser lamentado em "Emoji - O Filme".
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