A virgindade que quase custou US$ 1 bilhão ao Chiquinho Scarpa
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Estamos em outubro de 1976, no topo do Copacabana Palace. Chiquinho Scarpa discorre calmamente sobre suas conquistas românticas para Ibrahim Sued, folclórico colunista social que, à época, abria uma janela para a intimidade dos ricos e famosos em um quadro no "Fantástico".
"Bom, não vamos falar em termos de Brasil, tá certo? Vamos falar em termos internacionais. Como Romy Schneider, como Ursula Andrews, como Catherine Deneuve. Como Caroline, por exemplo."
Ao passo que Ibrahim, abismado, interrompe seu interlocutor:
"Caroline… Mas a Caroline de Mônaco é virgem!"
A resposta do Conde é arrebatadora.
"Essa é a sua opinião, né, Ibrahim. Não a opinião minha."
O prosaico diálogo foi recuperado para a nova geração há apenas alguns anos. Os vídeos de Ibrahim Sued constrangendo e sendo constrangido em suas entrevistas com celebridades estão entre as melhores coisas que os caçadores de velharias tem a oferecer no YouTube.
A monumental conversa possui outros momentos de puro flerte com o dadaísmo --Ibrahim chamando Scarpa de "Chiquinho Maravilha", a encenação dantesca do nobre comendador avaliando os glúteos de uma figurante, e por aí vai. São menos de 3 minutos que guardam em si o cânone de um tipo de narrativa cujo tempo ficou para trás.
O trecho específico sobre Caroline havia deixado Ibrahim Sued consternado --e aquele não parecia ser um homem fácil de se impressionar.
Além da inegável indiscrição ao expor seus supostos contatinhos em rede nacional, o herdeiro dos Scarpa acabou causando um incidente diplomático. O transtorno fez com que o principado entrasse com um processo, levando Chiquinho a pedir desculpas públicas ao governo de Mônaco e à família real. Mas não parou por aí.
No vídeo abaixo, Ibrahim Sued e Chiquinho Scarpa em um dos momentos mais psicodélicos da televisão brasileira
Estamos agora em 2014, nos estúdios da TV Gazeta. Uma entrevista igualmente histórica no programa "Mulheres", onde somos apresentados a mais detalhes sobre o desenrolar daquele fatídico encontro em que contou tanta vantagem para Ibrahim.
Interpelado por Fefito (hoje colunista do "Jornal Agora"), Mamma Bruschetta (atualmente no SBT) e Cátia Fonseca, Chiquinho Maravilha relembrou o ocorrido.
"Isso foi há priscas eras… Tomei um processo de US$ 50 milhões na época, deve ser hoje US$ 1 bilhão".
"Nossa! Que processo! Ficou pobre nessa época?", chocou-se uma das participantes do debate, prontamente socorrida por Fefito: "Olha a pulseira dele, amiga. Vê se ele tá pobre".
Scarpa continuou: "Mas eu ganhei [o processo]. Ganhei, não. Nós fizemos um acordo. Eu sou muito amigo da família real. Na época foi um mal-entendido, e foi tudo explicado. Mas teve o processo, tá certo?"
E não se fez de rogado:
"Sou um grande amigo da Caroline, sou amigo dos filhos. Caroline, quando vem no Brasil, nós vamos juntos para Parati e tudo, somos grandes amigos. Nada me chateou porque nada disso foi verdade."
Tudo terminou bem --pelo menos para Chiquinho, que no mesmo programa ainda previu vida longa, com mais uns 50 anos de experimentações sociais. Faço votos para que de fato isso ocorra. Os autodenominados bon vivants são uma espécie em extinção.
Mais de 40 anos atrás, à beira da piscina do Copacabana Palace, com a camisa de seda meio aberta e uns penduricalhos no pescoço, Ibrahim Sued já alertava para o fato de que os playboys estavam tendo "um enterro de segunda classe". É fundamental que a sociedade continue com o trabalho de resgate histórico sobre os ícones de tão distinta classe para as novas gerações.
No vídeo abaixo, a partir de 25m50s, Fefito pergunta sobre os quatro grandes boatos que assombram a persona pública de Chiquinho Scarpa, incluindo o celeuma em torno da virgindade de Caroline de Mônaco
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