Chadwick Boseman: meu muito obrigada
Assim como geral fui pega de surpresa com a morte de Chadwick Boseman, aos 43 anos, após lutar por quatro contra um câncer. Por ironia do universo, o ator partiu no aniversário de um dos criadores do personagem Pantera Negra, Jack Kirby.
Foi um choque tão grande que eu me vi em prantos, tomada por uma tristeza e dor gigante. E eu estava totalmente consciente do porquê desse choro. Há quem acredite que chorar a morte de celebridades seja besteira, mas para mim não estava apenas me juntando com amigos para chorar por uma celebridade —o que acho totalmente legítimo. Mas eu chorava a perda de uma pessoa que se tornou parte de um legado.
Boseman assumiu o manto do primeiro filme de herói negro do MCU, o Universo Cinematográfico da Marvel. Sim, pois é preciso lembrar que "Blade", que veio antes, não se encaixa como herói e sim anti herói.
Voltando ao legado de T'Challa... fomos todos tomados por uma catarse coletiva, que não se limitou à tristeza pela perda de uma pessoa tão jovem e talentosa. A partida de Boseman gerou nas pessoas também um desejo de contar o quanto Pantera Negra foi importante para elas.
Como essa lembrança linda das crianças da Ron Clark Academy vibrando porque todos veriam um super-herói negro nos cinemas:
The kids at Ron Clark Academy turning up because they're all going to see #BlackPanther is the best thing ever (IG: mrronclark) pic.twitter.com/4htaEOKsUC
-- Jasmine (@JasmineLWatkins) February 2, 2018
A biblioteca Assanta Shakur lembrou do impacto da leitura da HQ para as crianças:
Pantera Negra é o livro mais lido na biblioteca por nossas crianças, justamente pelo papel brilhante que Chadwick Boseman desempenhou no filme como T'Challa.
-- Biblioteca Comunitária Assata Shakur (@BibAssataShakur) August 29, 2020
Uma grande perda. Por aqui, seguiremos difundindo a sua arte, exibindo o filme. #WakandaForever pic.twitter.com/o2t4y2QDcO
A Tati contou que fez atividade usando o filme:
Assim q lançou Pantera Negra, fizemos atividade no Kilombo Kebrada - zona leste de SP com exibição do filme, confeccionamos máscaras...
-- Tati Nefertari (@TatiNefertari) August 29, 2020
Tudo marcou muito a gente e as crianças, o Chadwick Boseman brilhou com seu personagem, tudo isso enfrentando um câncer.
#WakandaForever pic.twitter.com/vIWrMYJzZk
Aliás, não faltou gente exibindo e gerando ação social.
Realizado! @_Konteiner e @vozdacomunidade trazendo cinema para a Vila Cruzeiro! Criançada tá feliz demais!!! A maioria está vendo pela primeira vez um filme num telão desse de cinema!?? pic.twitter.com/Y24x6fMyrL
-- Rene Silva (@eurenesilva) June 10, 2019
Bom, eu poderia ficar o dia inteiro trazendo essas histórias aqui rs?
Essa foto é do dia que levamos mais de 200 crianças, muitas delas pela primeira vez, ao cinema para assistir Pantera Negra. (Idealizado pela Vitória)
-- Alisson Batista (@fb_Alisson) August 29, 2020
Entendo q a dialética vida-morte vai para além do nascimento e morte física.
Chadwick Boseman seguirá vivo em nós por muito tempo. pic.twitter.com/Xo7iMkYd7i
"Pantera Negra" nem de longe é só um filme sobre super-heróis. O impacto que ele gerou vai atravessar gerações, exatamente por apresentar a possibilidade para muita gente de se ver como herói. Um dos efeitos devastadores do racismo é minar a auto estima e as possibilidades para pessoas negras. Quando assistimos Boseman brilhantemente dar vida ao personagem de Stan Lee e Jack Kirby, vibramos com as novas possibilidades para o imaginário da representatividade.
É por isso que as pessoas lotaram os cinemas, fazendo "Pantera Negra" arrecadar US$ 1,3 bilhão pelo mundo. Assim, apontaram o desejo de serem vistas e representadas no universo dos super heróis.
É inevitável falar do impacto de Pantera Pegra, mas não foi só isso que Boseman nos entregou. Ele também nos presenteou com a interpretação de James Brown num filme biográfico. Em "Marshall", sua interpretação totalmente poderosa nos traz reflexões sobre o sistema judiciário e a questão racial. É quase uma ironia perder o ator no Jackie Robinson Day, que comemora a existência do primeiro jogador negro a entrar em campo pela liga de beisebol americana. Ironia porque Chadwick interpretou Jackie Robinson no filme "42".
Que a gente possa celebrar a vida de Boseman e toda a beleza que foi sua existência, para nós e principalmente para todas as pessoas negras do mundo com a possibilidade de sonhar e se verem representadas.
#wakandaforever
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