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'Love Will Tear Us Apart': 40 anos do epitáfio do Joy Division

Joy Division - Kevin Cummins/Divulgação
Joy Division Imagem: Kevin Cummins/Divulgação

Colunista do UOL

09/06/2020 06h00

Resumo da notícia

  • A canção "Love Will Tear Us Apart", do Joy Divivion, foi lançada há 40 anos, um mês depois da morte do cantor do grupo, Ian Curtis

Em 20 de junho de 1980, a gravadora inglesa Factory lançava o compacto de "Love Will Tear Us Apart", do grupo Joy Division, com "These Days" no Lado B.

Comparada aos outros lançamentos do grupo, "LWTUA" era muito mais comercial e acessível. A música tinha uma nítida influência disco, cortesia do produtor italiano Giorgio Moroder, cujos singles dançantes ("Love to Love You Baby", "From Here to Eternity") obcecavam o Joy Division havia algum tempo.

Ao longo do ano de 1980, o compacto chegaria a número 1 na parada independente inglesa e à 13ª posição na parada pop. O futuro parecia brilhante para o Joy Division.

O problema é que não havia mais futuro para o Joy Division. A banda acabara um mês antes, quando o vocalista Ian Curtis cometeu suicídio às vésperas da primeira turnê norte-americana do grupo e com o segundo LP da banda, o magistral "Closer", à beira do lançamento.

Tudo aconteceu rápido demais para a banda. Em três anos, de maio de 1977 a junho de 1980, o Joy Division lançou dois discos clássicos - "Unknown Pleasures" e "Closer" - e deixou uma obra marcante.

Num recente exemplar da revista "Mojo", o ótimo jornalista Keith Cameron (autor da biografia do Mudhoney, "The Sound and Fury From Seattle"), fez uma retrospectiva da trajetória do Joy Division e contou em detalhes a história de "Love Will Tear Us Apart".

A canção havia sido gravada pela primeira vez em novembro de 1979, nos estúdios da BBC, e transmitida no programa de rádio de John Peel. É mais rápida e pesada que a versão que se tornou famosa. Ouça:

Em janeiro de 1980, a banda gravou, com Martin Hannett, a versão que julgava definitiva:

Mas algo não estava certo. Ian Curtis não gostou de seus vocais, e a banda chegou a um consenso de que a canção deveria ser mais lenta e atmosférica. Em 13 de março de 1980, eles gravaram isso:

Por sugestão do chefão da Factory, Tony Wilson, Ian Curtis mudou um pouco o estilo de seu vocal, tornando-o mais melodioso e com maior atenção na separação entre as palavras. Wilson conta que presenteou Curtis com um LP duplo de Frank Sinatra e disse para ele se inspirar no velho Olhos Azuis.

Outra revelação interessante: a canção surgiu quando o baterista Stephen Morris conversava com Ian Curtis sobre o hit "Love Will Keep Us Together", da dupla pop Captain & Tenille:

Morris comentou: "Não seria melhor se alguém cantasse sobre amor, mas de forma brutal, e não como uma canção bobinha?". Curtis então pegou "O amor vai nos manter juntos" de Captain & Tenille e, inspirado pela crise de seu casamento com a esposa, Deborah, escreveu "O amor vai nos despedaçar".

Para os outros integrantes do Joy Division, os estados físico e mental de Ian Curtis causavam preocupação. "Havia dois Ians", lembra o baixista Peter Hook, "O Ian bom e o Ian ruim. E o Ian ruim estava ganhando".

Durante a gravação de "Closer", o vocalista de outra banda foi ao estúdio convidar o produtor Martin Hannett para produzir o disco de estreia de seu grupo. Hannett não topou, e o LP acabou sendo produzido por Steve Lillywhite. O disco era "Boy", a banda, o U2, e o cantor, um tal de Bono, que não havia completado 20 anos. Naquele mesmo ano, 1980, Bono deu uma entrevista a uma rádio irlandesa em que lembrou o dia em que conheceu Ian Curtis:

"Conversar com Ian Curtis era uma experiência estranha, porque ele falava de maneira muito suave, muito polida (...) mas quando começava a cantar, ele mudava totalmente, havia outro tipo de energia. Parecia haver duas pessoas diferentes ali."

Uma ótima semana a todos.

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