Topo

Fran Gil estreia bem carreira solo com bênção do avô e dueto com Passapusso

Fran Gil lança "Raiz", primeiro álbum solo - Divulgação
Fran Gil lança "Raiz", primeiro álbum solo Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

10/01/2020 07h00

Fran Gil. É esse o nome artístico adotado por Francisco Gil, filho único de Preta e neto de Gilberto Gil, para essa nova fase de sua carreira. Fran chega hoje (10) com "Raiz", seu primeiro álbum solo às plataformas de música. Paralelamente, o músico dá sequência ao projeto "Os Gilsons", que mantém com o tio José Gil e com o primo João Gil.

Produzido pelo trio Pablo Bispo, Ruxell e Sergio Santos, "Raiz" reúne nove faixas e conta com as participações de Caetano Veloso em "Divino Amor", do avô Gilberto Gil em "Afro-Futurista" e do vocalista do Baiana System Russo Passapusso na faixa-título.

Foi a partir desse encontro com Passapusso que Fran deu forma ao que viria a ser o álbum. "Raiz" foi o ponto de partida para a temática do álbum que homenageia os orixás com batuques afros e traz o frescor da baianidade cantada pelo avô. "Sempre tive o grupo [Baiana System] como uma referência. A música que fiz com o Russo não só me trouxe a sonoridade do álbum como trouxe o assunto que eu gostaria de falar", conta Fran.

Em nosso papo pelo telefone, o músico falou também com grande empolgação sobre a viagem que fez pela África. Abaixo destaco trechos da nossa conversa.

Agora é Fran
Sempre fui Fran. Como é uma nova jornada, os meninos que trabalharam comigo levantaram essa bola de usar o meu nome dessa maneira. Sempre foi automático todo mundo me chamar de Fran e pra mim fez todo sentido. Nunca me chamaram de Chico, por exemplo. Então Fran caiu perfeitamente.

Raiz
A espiritualidade está muito forte no meu disco. Passei muito tempo refletindo sobre o que eu gostaria de fazer e foi na virada do ano de 2018/2019 que tudo começou. Foi a partir da música que fiz com o Russo [vocalista do Baiana System]. Essa música deu o start da coisa toda. Não só a que deu a sonoridade sobre o que eu gostaria de falar. Veio por meio da minha espiritualidade e fecha falando sobre a africanidade. Sempre fui uma pessoa que viveu a espiritualidade e hoje estou mais próximo ao candomblé. Os orixás fazem parte da minha vida. Neles, encontrei a minha a linha.

Capa do disco "Raiz" - Divulgação - Divulgação
Capa do disco "Raiz"
Imagem: Divulgação
O disco
Eu estava no Rèveillon de 2018 em Salvador e o verão de lá é uma festa. Na casa do meu avô chega sempre um bando de gente. Eu estava tocando e o Russo chegou. Ele sentou ao meu lado e parou pra me escutar. Passamos o dia todo conversando sobre espiritualidade e política. E desse encontro que passamos falar sobre essa vivência. Foi assim que surgiu a primeira canção do álbum. Cheguei no Rio dias depois e a mágica continuou. Foi lá que fechamos o laço para fazer esse disco. Passamos 20 dias imersos no estúdio. Desse dias surgiram 20 canções.

Caetano Veloso, Gilberto Gil e Russo Passapusso
O convite pro Caetano pintou antes do convite pro meu avô. Assim que escrevemos "Divino Amor" achamos a cara dele. Ele ainda não tinha me visto cantar depois de adulto, mas mostramos a música e ele disse: "amei, vamos gravar". No dia da gravação foi uma alegria. Ele ficou amarradão. Depois surgiu o convite para o meu avô e gravamos juntos "Afro-Futurista".

Viagem pela África
Com o disco 100% finalizado, minha mãe fez uma conexão muito forte quando meu avô fez Refavela. Foi em uma viagem dele pela Nigéria que surgiu o disco do meu avô. Minha mãe veio com isso e eu fui pra África atrás dessa ancestralidade. Eu tinha também o desejo de ir pra Nigéria, mas começaram rolar uns atentados e entendemos que Angola teria uma conexão bonita, mas que só fomos entender quando estávamos lá. Ligamos para a Titica [cantora angolana] e ela indicou as pessoas para viajar com a gente. A gente tinha uma preocupação de como a gente ia se inserir, mas foi uma experiência além das nossas expectativas. Cantei para crianças, fiz shows em comunidades e está tudo no clipe da canção "Coração Tambor", que abre o disco. A minha favorita. Ficamos lá quase 30 dias. Depois fomos para Namíbia porque tem um deserto. O clipe da música "Raiz", que fizemos lá, vai ser lançado daqui um mês. Essa viagem teve um impacto muito grande pra gente, assim como teve a Nigéria pro meu avô.

Família de artistas
A música é uma ferramenta de perpetuação da ancestralidade. Esse disco tem muitas conexões, por exemplo, foi meu avô que falou pro Pepeu tocar e o Pedro Baby, filho do Pepeu, que me ensinou a tocar violão e produziu meu disco com a Sinara.
Desde sempre enxerguei como algo super positivo ter uma família de artistas. É um privilégio ter essas pessoas por perto. A comparação nunca foi algo que me preocupou. Seguimos o nosso caminho, a nossa verdade. Existe, sim, uma questão de hereditariedade, mas tem a individualidade. O mais bacana da nossa família é a individualidade de cada ser, principalmente vinda do meu avô. Ele sempre respeitou a individualidade de cada um. Ele segue sendo uma referência para todas essas pessoas. Temos esse caldeirão de referências para despertar a nossa própria verdade.

Shows
É um ano bem louco em nossa família. Teremos a turnê da família pela Europa, tem a agenda d'Os Gilsons e agora vou encaixar isso tudo. Vou trabalhar bastante. Estou ensaiando com uma banda pra rodar com este álbum. A intenção é ir o mais longe possível.

Siga @dribarros